NOTÍCIA

Prêmio Top Educação

Autor

Redação revista Educação

Publicado em 01/10/2025

A educadora indígena que tem feito um ‘acordamento das memórias’

Cristine Takuá, coordenadora do projeto Escolas Vivas, é a personalidade homenageada no Top Educação 2025

Semeadora de sonhos que busca realizar um ‘acordamento das memórias’ de diferentes povos indígenas. Essa é a homenageada deste ano do Prêmio Top Educação 2025*, Cristine Takuá, do povo Maxakali. Formada em filosofia pela Unesp, lecionou em escola indígena e, atualmente, é coordenadora do projeto Escolas Vivas, o qual atua com cinco comunidades indígenas de diferentes regiões do país fortalecendo seus saberes tradicionais. A seguir, conheça um pouco mais a homenageada.

Cristine Takuá

Cristine Takuá é a homenageada do Top Educação 2025 (Foto: arquivo pessoal)

Quais as principais diferenças entre o Fórum de Professores Indígenas do Estado de São Paulo (Fapisp), do qual é cocriadora, e órgãos públicos no que diz respeito ao currículo escolar em escola indígena?

O Fapisp vem de uma luta desde 2015 que é pelo reconhecimento das leis que amparam a educação escolar indígena no que diz respeito ao entendimento de que cada povo tem a sua própria cultura e seu modo de transmitir o conhecimento. A luta para a criação de novas diretrizes curriculares ainda está se efetivando e fazemos isso em nome de todo conhecimento de nossos anciãos, das parteiras, dos rezadores. Nosso foco é, principalmente, as crianças. Conseguimos criar a licenciatura intercultural para formar professores indígenas — com base num princípio norteador que são as constelações curriculares. Então, não partimos daquele pensamento de uma grade curricular, mas de uma constelação curricular. Porém, muitos órgãos não estão preparados para as nossas visões e, muitas vezes, a realidade é de violência institucional justamente por essa injustiça curricular. 

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Quais os principais marcos do projeto Escolas Vivas e o que esperam para o futuro? 

As Escolas Vivas têm como princípio semear pensamentos por meio do ‘acordamento das memórias’. O principal marco é a efetivação de um apoio mensal para cinco coletivos: Guarani, Huni Kuĩ, Maxakali, Baniwa e Tukano-Dessano-Tuyuka, que é o Centro de Medicinas Bacceri Coui. Nesses três anos como coordenadora, destaco a exposição Viva Viva Escola Viva, no Rio de Janeiro, que reuniu as artes e pensamentos desses povos. Foi um encontro especial. Para o futuro, sonho que mais e mais territórios desabrochem, porque todo território indígena é uma escola viva. Toda casa de reza é uma escola viva. A nossa ancestralidade, essa memória antiga das nossas avozinhas, pulsa dentro de cada um de nós — e precisamos nos conectar e fortalecê-la.

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Em que educação acredita e como tem semeado seus propósitos? 

Acredito numa educação que semeia o Bem Viver, o Teko Porã. Uma educação ampla conectada com tudo que rege a vida e que tenha como base o respeito a todas as formas de vida. Ou seja, a gente não aprende exclusivamente com os livros; também aprendemos com as formigas, abelhas, montanhas, com os sonhos, plantas — que são grandes mestres. Por isso que não tem como ter escola viva se não tiver floresta viva. Sobre isso, por exemplo, os Maxakali falam profundamente, tanto que conduzem um projeto chamado Terra Viva, para que a floresta renasça.

Tenho semeado meus sonhos e propósitos coordenando esses coletivos e os animando. Porque essas memórias ficaram adormecidas, muitas fragilizadas e machucadas, necessitando também de afeto. Precisamos cuidar dos nossos territórios e escutar nossas crianças.

*O Prêmio Top Educação, que está em sua 19ª edição, é uma votação espontânea na internet realizada pela revista Educação e tem como objetivo apontar as marcas mais lembradas entre as empresas que atuam na área de educação. Desde 2023, homenageia uma entidade e uma personalidade da educação e/ou cultura. Neste ano, as escolhidas foram, respectivamente, a Fundação Roberto Marinho e a educadora Cristine Takuá, indígena do povo Maxakali e colunista da revista Educação.

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