NOTÍCIA
Apenas 26% dos jovens adultos de famílias com baixa escolaridade possuíam um diploma superior, contra 70% daqueles de lares com alta escolaridade, alerta o Education at a Glance 2025
O nível de escolaridade atingiu um patamar histórico, com cerca de metade (48%) dos jovens adultos nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) concluindo o ensino superior, contra apenas 27% no ano 2000. Esses graduados tendem a desfrutar de rendimentos mais altos, empregos mais estáveis e melhor saúde, de acordo com o relatório recém-lançado da OCDE, Education at a Glance 2025.
O relatório analisa os sistemas educacionais dos 38 países membros da OCDE, bem como da Argentina, Brasil, Bulgária, China, Croácia, Índia, Indonésia, Peru, Romênia, Arábia Saudita e África do Sul, e fornece estatísticas nacionais comparáveis que medem o estado da educação em todo o mundo.
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Os dados mostram que, apesar do crescimento geral na obtenção de diplomas de ensino superior, o fator socioeconômico continua a influenciar fortemente quem segue para a universidade. Apenas 26% dos jovens adultos de famílias com baixa escolaridade possuíam um diploma superior, contra 70% daqueles de lares com alta escolaridade, em 2023. Barreiras financeiras e falta de apoio acadêmico e social frequentemente impedem o avanço de estudantes em desvantagem.
As baixas taxas de conclusão no ensino superior também reduzem o retorno do investimento público, aprofundam a escassez de competências e limitam o acesso a oportunidades. Em 32 países da OCDE e parceiros, apenas 43% dos estudantes de bacharelado se formam no tempo previsto, chegando a 70% somente após três anos adicionais, com taxas relativamente mais baixas entre os homens (63%, contra 75% das mulheres).
Nível de escolaridade atingiu um patamar histórico, com cerca de metade (48%) dos jovens adultos nos países da OCDE concluindo o ensino superior (Foto: Shutterstock)
“A educação superior de alta qualidade equipa os estudantes com as competências necessárias para aproveitar as oportunidades em mercados de trabalho em evolução, ao mesmo tempo em que permite que nossas sociedades enfrentem transformações estruturais decorrentes do envelhecimento populacional, da inteligência artificial, da digitalização e da transição verde”, diz Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE.
“Alinhar a educação às necessidades do mercado de trabalho será fundamental, já que os persistentes descompassos de competências impõem custos reais sobre salários e produtividade e afetam o bem-estar individual”, completa Mathias Cormann.
As baixas taxas de conclusão geralmente têm origem no descompasso entre as expectativas dos estudantes e o conteúdo dos programas, na preparação acadêmica insuficiente e em sistemas de apoio inadequados. Reforçar a preparação acadêmica e a orientação profissional no ensino médio, bem como estruturar programas de ensino superior com sequências de cursos claramente definidas e medidas de apoio para aqueles em risco de ficar para trás, ajudaria, aponta o relatório.
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O Education at a Glance 2025 ressalta ainda que na maioria dos países onde há dados disponíveis, de 1% a 3% dos professores e professoras se aposentam anualmente. Na Dinamarca, Estônia e Inglaterra, quase 10% dos professores pedem demissão todos os anos, exigindo esforços significativos e contínuos de recrutamento. Em contraste, menos de 1% dos professores na França, Grécia e Irlanda deixam o cargo a cada ano, o que cria maior estabilidade no quadro profissional, mas também limita a renovação da força de trabalho docente.
Atrair professores em segunda carreira pode ajudar a aliviar a escassez, ao mesmo tempo em que introduz um conjunto mais amplo de competências na profissão. Dos 28 países e economias com dados disponíveis, 16 oferecem caminhos alternativos dedicados para indivíduos em transição de carreira. Medidas complementares para melhorar as condições de trabalho e oferecer oportunidades de progressão na carreira poderiam apoiar ainda mais o recrutamento e a retenção de professores.
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