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Por Griggs

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Publicado em 13/08/2025

O processo de construção da internacionalização da escola: um olhar sistêmico

Devemos notar três pilares: a instituição, os docentes e discentes — que, quando articulados, favorecem um processo de implementação de sucesso

Trouxemos, em junho, algumas reflexões a respeito de uma das possibilidades de internacionalização na educação básica: a implementação do modelo de currículo duplo em escolas brasileiras (Ragnev e Freire, 2022; Ragnev, 2023). Também vimos que internacionalizar a escola é um processo sistêmico que atinge várias camadas — e a elaboração de um planejamento estratégico que as envolva é essencial.  

Dessa forma, a instituição pode criar um mapeamento dos principais pilares desse processo, podendo, assim, identificar prioridades, benefícios, recursos necessários e encontrar soluções para integrar a comunidade escolar ao mundo globalizado, e melhor definir papéis de seus componentes, ou seja, da instituição em si, dos docentes e discentes, promovendo uma formação mais abrangente e preparando os estudantes para um mundo globalizado. 

Visão ampla

No entanto, um equívoco comum nesse processo é concentrar-se no processo acadêmico em maior proporção, como por exemplo, planejar a contratação de professores, definir a proposta acadêmica e o número de disciplinas, a carga horária, o nível de inglês dos discentes ou docentes; em detrimento a outros aspectos relevantes ao processo. 

Segundo dados da Associação Internacional da Universidades (https://www.iau-aiu.net/), o processo de internacionalização de sucesso deve ser construído em diversas camadas, envolvendo questões sobre cultura, política, planejamento e processos organizacionais institucionais de maneira mais abrangente. 

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Os pilares

O processo de internacionalização da escola em uma perspectiva metafórica passa a ser visto por nós como uma ponte a ser construída sob três importantes pilares:  a instituição, os docentes e discentes — que, quando articulados, favorecem um processo de implementação de sucesso, como descreveremos a seguir.

Ao começar o processo de construção da internacionalização da escola, iniciamos pela análise de aspectos que envolvem a estrutura do primeiro pilar: as questões institucionais. Por meio do estudo da proposta político-pedagógica, começamos a considerar a internacionalização como ponto de partida, na possibilidade de se elevar o status da instituição, permitindo, naturalmente, o despertar do interesse de novos alunos, de diversas partes do planeta, de distintas etnias, culturas e níveis socioeconômicos. 

Aumentando, dessa forma, a possibilidade da construção de um ambiente escolar multicultural, da qual questões de diversidade cultural possam emergir e serem discutidas de maneira mais ampla. 

Além disso, nesse processo de análise inicial feito pela instituição, pode-se averiguar a necessidade de estabelecer parcerias com instituições estrangeiras que contribuam com a elaboração conjunta de um currículo internacional e globalizado, resultando em um ganho considerável no processo de construção e definição dos objetivos culturais, científicos, acadêmicos e linguísticos ao longo dos anos escolares, fundamentados em padrões educacionais globais. 

internacionalização da escola

Foto: Shutterstock

Múltiplas experiências

Além disso, ao longo desse movimento, emerge a oportunidade de conhecer diferentes maneiras de gerir a escola, considerando diretrizes curriculares estrangeiras que, se bem articuladas com as locais, irão trazer benefícios para todos os envolvidos, de maneira não unilateral, mas sistêmica, aliando prestígio e rigor de maneira mais equilibrada, permeando as práticas pedagógicas e propostas envolvendo os educadores e aprendizes, além de incentivá-los a desenvolverem habilidades e competências que os diferenciam de suas melhores versões, transformando-os em cidadãos globais. 

No segundo pilar, encontramos os docentes, que ao serem expostos às propostas acadêmicas e didático-pedagógicas diferenciadas, têm a chance ampliar seu repertório experiencial e prático, com acesso às novas metodologias e práticas pedagógicas, estimulando-os na criação de projetos pedagógicos inovadores e na adoção de novas metodologias de ensino. 

A experiência com práticas pedagógicas de outros países pode levar os docentes a inovarem em suas aulas e a adotarem novas metodologias de ensino, incentivando-os na busca por aprimoramento contínuo, pautado em padrões educacionais internacionais, revelando uma oportunidade de autoconhecimento, descoberta e busca de crescimento contínuo, tornando-os educadores globais. 

Discentes em aprimoramento 

Por fim, no entanto, não menos importante, o nosso terceiro pilar:  considerando o perfil dos discentes que será construído ao longo da jornada escolar por meio do envolvimento contínuo com o ambiente intercultural, esses desenvolvem uma consciência mais ampla sobre o outro e si mesmo, considerando a articulação e a importância de diferentes pontos de vista, favorecendo a construção de um repertório cultural, linguístico e humano cada vez mais diversificado. 

Resultando, assim, no desenvolvimento de habilidades e competências interculturais e comunicacionais, revelando suas melhores versões, transformando-os em cidadãos globais. 

Além disso, durante a jornada escolar é possível considerar marcadores de avaliação externos que colocam os aprendizes em posição de destaque perante a sociedade acadêmica nacional e internacional, materializada por meio da obtenção de certificação internacional, proporcionando a construção de um perfil estudantil robusto e, ao mesmo tempo, flexível, preparando-os para admissões em universidades de prestígio e oportunidades de carreira internacionais.

No próximo texto, iremos abordar questões comerciais e que emergem dos processos de internacionalização da escola.

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