NOTÍCIA

Formação docente

Autor

Redação revista Educação

Publicado em 18/07/2025

Formação de professores e qualidade da educação: desafios persistentes no Brasil

A construção da identidade docente está profundamente ligada à capacidade de refletir criticamente sobre a prática e ao envolvimento em processos formativos contínuos

Por André Lázaro e Tereza Perez* | O Brasil conta com mais de dois milhões de docentes na educação básica, dedicados a 47 milhões de estudantes, da creche ao ensino médio.  A grande maioria alcançou formação em nível superior, como exige a legislação brasileira. No entanto, dados do Censo Escolar de 2023 indicam que uma porcentagem significativa não possui a formação superior completa (10%) ou a qualificação adequada em licenciatura ou pedagogia (13%). 

No ensino médio, essa inadequação é ainda mais evidente, com 25% dos professores lecionando fora de sua área de formação.  

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A formação dos docentes — talvez melhor dizer das docentes, visto que 80% são mulheres — é parte fundamental para o bom desempenho em sala de aula e para a garantia dos direitos de aprendizagem de nossos milhões de estudantes.  

A formação inicial é — como diz o nome — a entrada numa profissão que se transforma na mesma velocidade com que vêm se transformando as tecnologias de comunicação e informação. 

Assim, é preciso desenvolver políticas consistentes e adequadas para a formação continuada de nossas profissionais da educação, além de garantir condições de trabalho, de vínculo e de remuneração que valorizem a atividade educativa e sejam atrativos para as novas gerações.

Neste particular temos um novo desafio: o Censo de 2023 informa o alto número de estudantes que estão tendo formação via educação a distância (EAD): 67% dos estudantes de licenciatura e 81% em Pedagogia.

identidade docente

Formar professores é também formar a escola que queremos (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Reflexões e práticas constantes

Esse cenário mostra que a formação continuada em serviço deve ser uma atividade central e prioritária na escola. O trabalho na escola e na sala de aula apresenta desafios que requerem um processo coletivo de reflexão sobre a prática, nutrido por ações formativas constantes. Isso é constituinte da profissão docente. 

O Censo 2023 informa que a participação de docentes em ações de formação continuada tem aumentado (de 38,3% em 2019 para 41,3% em 2023), mas se referem a cursos externos como especializações e pós-graduação. 

A especialização individual é necessária, mas é preciso ir além, fortalecer a própria escola como espaço de troca e formação, pautada pela reflexão sobre a prática, dentro do seu próprio espaço e calcada pelas questões específicas de seus contextos.

Identidade docente

A construção da identidade profissional docente está profundamente ligada à capacidade de refletir criticamente sobre a prática e ao envolvimento em processos formativos contínuos e situados na realidade da escola. Trata-se de uma construção coletiva, baseada na troca de saberes entre os professores, nas experiências do cotidiano e nos desafios concretos do ensino. 

Essa perspectiva favorece a criação de uma cultura de colaboração e corresponsabilidade pedagógica. A escola se torna de fato uma comunidade de aprendizagem.

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Apostar na qualificação dos professores, da formação inicial à continuada, é investir diretamente na melhoria da aprendizagem dos estudantes e na construção de uma escola mais justa, antirracista e comprometida com a realidade dos seus alunos. 

Formar professores, portanto, é também formar a escola que queremos: inclusiva, crítica, acolhedora e comprometida com os direitos de aprendizagem de nossas crianças, jovens e adultos.

*André Lázaro é diretor da Fundação Santillana no Brasil e foi secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC de 2007 a 2010.

Tereza Perez é presidente da Roda Educativa e coorganizadora do livro Docência: ensinar, aprender e transformar agora, obra produzida por Roda Educativa, Editora Moderna e Fundação Santillana.

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