NOTÍCIA
Filha de Rubem Alves parte de sua própria trajetória para falar como as histórias podem ser um refúgio para aprender a lidar com adversidades emocionais
Os benefícios da leitura são diversos e conhecidos — embora o hábito nem sempre tenha o devido incentivo. Em livro recém-lançado, Literatura infantil e segurança emocional (ed. Farol das Letras), a escritora e palestrante Raquel Alves aborda um aspecto que marcou sua própria experiência de vida e que pode ter impactos profundos e duradouros: o da literatura como espaço de fortalecimento emocional para crianças e jovens. Isso porque é possível se reconhecer nos personagens e histórias, além de entrar em contato com diferentes emoções e sentimentos, por exemplo.
No livro, Raquel parte da sua própria trajetória. Seu pai, Rubem Alves — um dos grandes nomes da educação no país —, escrevia e lia histórias para ela, fazendo também conexões entre o lúdico e a realidade. A escritora conta que o pai entendeu que, como ela nasceu com lábio leporino e fissura palatina, poderia sofrer bullying e enfrentar desafios de ordem emocional. “Ele apostou na literatura para me ajudar a viver”, afirma.
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Raquel Alves estará presente na Bett Brasil 2025*, em 29 de abril. A autora falará sobre o tema de seu novo livro — Literatura infantil e segurança emocional — às 17h, na sala de aula invertida, 2º andar.
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Uma das histórias escritas por Rubem para Raquel, A operação de Lili, narra a história de uma elefantinha que precisa fazer uma operação na tromba — uma referência à cirurgia que Raquel teve de fazer no lábio. Além de lê-la para a filha, Rubem a ajudou a conectar a história com o que ela própria estava vivendo. “Meu pai perguntava: ‘você percebe como essa elefantinha aqui é parecida com você? Olha só, ela operou a tromba e você vai operar a boca, não é o mesmo lugar?’ Ele ia conduzindo para eu criar essas conexões, esses links. E isso me encorajou muito”, explica.
Em novo livro, Raquel destaca a literatura como espaço de fortalecimento emocional para crianças e jovens (fotos: arquivo pessoal)
Segundo Raquel, seu novo livro parte justamente dessa aposta de seu pai na literatura “como uma semente de beleza” para ajudá-la. “A gente só luta por aquilo que a gente quer. E, para eu desejar viver, ele teria de colocar a beleza da vida dentro de mim.” Essa potência das histórias que ele criou para encorajá-la, aliás, segue viva até hoje; por exemplo, quando ela vai fazer uma palestra.
Além de sua própria vivência, Raquel traz, na obra, uma análise sobre o hábito de ler na atualidade e como as novas gerações se relacionam com a leitura. Na avaliação da escritora, embora hoje jovens universitários até leiam mais que gerações passadas, “eles não leem com começo, meio e fim” e a busca é por conteúdos de rápida absorção. Ela exemplifica, também, com os vídeos nas mídias sociais, cada vez mais curtos. Em sua avaliação, trata-se de uma geração de “conclusões rápidas”. “Me pergunto qual a qualidade de pensamento que esse comportamento deixa”, reflete.
*A Bett Brasil é um dos maiores eventos de inovação e tecnologia para a educação da América Latina. Em 2025, acontece de 28 de abril a 1º de maio, no Expo Center Norte, SP. E nós, da Educação, estamos fazendo uma cobertura especial. Clique aqui para ficar por dentro de tudo.
Nossa cobertura jornalística tem o apoio das seguintes empresas: Epson, International School e FTD Educação.
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Projetos pedagógicos como instrumento de contemplação
A literatura infantil e o desenvolvimento humano