NOTÍCIA

Olhar pedagógico

Autor

Redação revista Educação

Publicado em 20/03/2025

Como ensinar mudanças climáticas e consciência ecológica

Pedagoga apresenta propostas pedagógicas para a educação infantil e ensino fundamental tendo como gancho a chegada do outono

Com a chegada do outono, em 20 de março, marcado, no geral, por temperaturas mais amenas, pela queda das folhas e a permanência de uma brisa mais fresca no ar, as atenções se voltam para o clima; e sendo este o ano em que o Brasil sediará, em novembro, a COP30, maior conferência da ONU sobre mudanças climáticas, o debate sobre educação ambiental e a necessidade de uma consciência regenerativa sobre o meio ambiente para o agora ganha força. 

Especialistas apontam que o ensino sobre sustentabilidade e a vivência em meio à natureza desde a infância é essencial para formar adultos mais conscientes e comprometidos com o futuro do planeta.

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A pedagoga e diretora de escola no interior de SP, Maria Malerba, defende que a escola é um dos principais espaços para despertar o interesse das crianças sobre temas ambientais. “O contato com a natureza, a observação das estações do ano e a compreensão de fenômenos climáticos contribuem para que os alunos se sintam integrados à natureza, o que os levam além ao entender a importância da preservação do meio ambiente. Simples hábitos, como aulas e brincadeiras em meio aos espaços naturais, cultivo de uma pequena horta, evitando sempre o desperdício de água e ações como separar o lixo reciclável, e a conscientização contra o desperdício, podem fazer a diferença”, afirma.

De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), aumentou a quantidade de lixo produzida por habitante no país. Ao todo foram 81 milhões de toneladas em 2023, cerca de 382 kg descartados por habitante durante um ano no Brasil. A região Sudeste é a maior geradora de resíduos e também a que possui maior produção por habitante. 

“Quanto maior o poder de compra, mais as pessoas consomem e geram resíduos. Quando não tratado e descartado incorretamente, maior o prejuízo ambiental. Daí a necessidade de ensinar desde cedo sobre o valor do dinheiro e o desperdício para as crianças”, explica a pedagoga.

 

educação ambiental

Debate sobre educação ambiental e a necessidade de uma consciência regenerativa sobre o meio ambiente para o agora ganha força (Foto: Shutterstock)

Ensinar para o coletivo

Ela ainda acrescenta que a relação entre educação e sustentabilidade também passa pelo conceito de que ecologia e economia devem caminhar juntas: ambas possuem a mesma raiz, oikos, que em grego significa ‘casa’, ‘lar’. Logos significa ‘conhecimento’ enquanto nomos significa ‘gestão’. 

“Ensinar sobre consumo consciente também tem impacto econômico. Uma criança que aprende a reduzir, reutilizar e reciclar se torna um adulto mais preparado para escolhas sustentáveis, inclusive no mercado de trabalho e na gestão de recursos financeiros”, pontua.

Ferramentas pedagógicas auxiliam em sala de aula 

No contexto das mudanças climáticas, o outono também pode ser uma ferramenta pedagógica para as crianças maiores, de ensino fundamental, por exemplo. A estação, que antes era marcada por padrões climáticos bem definidos, tem sido afetada pelo aquecimento global, trazendo eventos extremos como estiagens prolongadas e chuvas intensas. 

“Observar essas mudanças e discutir suas causas nas escolas, com as crianças maiores, é uma forma de preparar as novas gerações para um futuro em que a consciência ambiental será essencial”, destaca Maria Malerba.

Já na educação infantil, aulas em meio à natureza, contextos investigativos no jardim da escola com as folhas que caem, com a terra, podem ser excelentes opções, segundo a pedagoga. “A utilização de materiais naturais como galhos, flores e tintas extraídas de sementes e frutos são ferramentas simples, mas muito potentes para não permitir o distanciamento da criança com a natureza, o que naturalmente cultiva nela o sentimento de pertencimento e cuidado, suficientes nessa idade para um futuro mais consciente.”

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A pedagoga orienta que disciplinas como matemática, ciências e língua portuguesa, por exemplo, podem tirar proveito da nova estação e usá-la como gancho na resolução de problemas, envolvendo economia de energia e reciclagem. “Através de leituras de histórias ou explorando poesias, contos inspirados no outono, o professor incentiva os alunos a escreverem suas próprias histórias. Ou, também, desenvolvendo atividades com gráficos sobre temperaturas médias, enfim, uma série de opções para serem usadas em salas de aula.”

Conferência do Clima, Brasil sede da COP30 

Atualmente, importantes eventos globais têm acontecido em busca de ampliar o debate sustentável. Em novembro do ano passado, o encontro do G20, sediado no Rio de Janeiro, foi um exemplo, e em 2025, em Belém, o Brasil sediará a COP30, 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas. 

Segundo estimativas da Fundação Getulio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias de conferência. Os líderes das principais economias do mundo estão e estarão discutindo formas estratégicas e colaborativas de salvar o planeta. 

Diante desse cenário, o papel das escolas é fundamental para integrar o aprendizado acadêmico com a vivência prática. A integração em meio à natureza, aliada à educação ambiental, quando trabalhadas desde os primeiros anos, podem ser os principais caminhos para um futuro mais equilibrado entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

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