NOTÍCIA

Bett Brasil

Autor

Redação revista Educação

Publicado em 17/03/2025

A hora é da inteligência humana

Futuros regenerativos, celular na escola, currículo pós-BNCC e outros assuntos são destaques da Bett Brasil; conversamos com a diretora de conteúdo

O setor educacional e, claro, a sociedade como um todo, vivem em duas pontas: de um lado, o avanço da tecnologia digital, como a inteligência artificial (IA). Do outro, o aumento da ansiedade, esgotamento mental, bullying e outros problemas que reforçam a necessidade do desenvolvimento humano. A análise é de Adriana Martinelli, diretora de conteúdo da Bett Brasil, o maior evento de inovação e tecnologia para a educação da América Latina, que acontece de 28 de abril a 1º de maio, no Expo Center Norte, cidade de São Paulo.

Cerca de 400 palestrantes para pelo menos 170 sessões marcam a Bett 2025, que completa 30 anos nesta edição — além de mais de 300 expositores. Entre os palestrantes internacionais está o espanhol Xavier Aragay, o qual provoca, segundo Adriana, que o atual momento deve ser o de pausar para reimaginar a educação, focando no humano.

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Focando no Brasil, entre as temáticas do congresso haverá: educação midiática, debatida por Januária Alves, referência no assunto, junto a Felipe Neto, influenciador que criou um instituto com seu nome com foco nesse tema; vulnerabilidade como potência, por Cláudio Thebas, palhaço clown e Edu Valladares, especialista em aprendizagem intencional; já Carlo Tieppo falará sobre neurociência; Cecilia Antipoff, neta de Helena Antipoff, também participará do evento, e tantos outros grandes nomes, como o da atriz Denise Fraga, que refletirá sobre conexões humanas.

A Bett tem aplicado em seus ‘painéis’ o que para alguns ainda é discussão: a importância de diferentes métodos de aprendizagem, para além do expositivo. Entre os formatos do congresso, há o Bett Talks, que apresenta em 12 minutos histórias que transformam a educação. Já o Aquário é uma metodologia de interação cujo público sobe ao palco. Este ano a novidade está com um auditório que traz o modelo de sala de aula invertida — além de outras propostas.

Confira, a seguir, a entrevista com Adriana Martinelli, que tem mais de 25 anos de experiência educacional, como foco na gestão de programas.

 

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Atenta, Adriana Martinelli montou uma programação que vai de IA, processos criativos, saúde mental e outros (Foto: divulgação)

O tema da Bett deste ano é Educação para enfrentar crises e construir futuros regenerativos. O que está acontecendo no mundo, no setor educacional, incluindo o papel da docência e gestão?

Esse tema geral traz a provocação de que temos problemas atuais claros para resolver, mas de um jeito que seja sustentável, que permita que continuemos resolvendo novos problemas que ainda não estão postos. Por isso a ideia de enfrentar essas crises e, para isso, devemos construir uma atitude que se regenere a todo momento, gerando a condição de adaptabilidade na educação.

Se as crises estão postas — tecnologia na educação, saúde mental, crise climática e outros desafios — é porque ainda não sabemos resolvê-las e precisamos reverter isso de um jeito diferente, que pode vir a ser na construção de futuros regenerativos. Por isso, entre os subtemas do nosso evento colocamos o ‘aprender a fazer’.

Tudo o que se faz na educação deveria ter intencionalidade clara e um propósito focado na aprendizagem. Então, o tema da Bett é um ‘call to action’ (apelo à ação, na tradução). Senso de urgência pautado no fazer. Enfrentar uma crise é fazer algo urgente. Não é debater. A gente precisa sair um pouco dos grandes debates e aterrizar para grandes experimentos ou talvez pequenas ações que cheguem a grandes resultados.

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Há painéis sobre IA, como desenvolver determinadas habilidades e, assim, destacando a necessidade da inteligência humana — além da importância do cuidado pessoal e profissional. A formação continuada está mais complexa e ampla?

Tanto do ponto de vista dos expositores da Bett quanto do ponto de vista do nosso conteúdo havia a percepção de educação focada quase que exclusivamente no conteúdo escolar. Falávamos muito da matemática, língua portuguesa; ficávamos envoltos em como trabalhar melhor os conteúdos. 

Na minha percepção, quando vem a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e aponta claramente as 10 habilidades, ela coloca o foco da educação numa outra perspectiva: na importância de desenvolver habilidades que nos servirão para a vida toda. Com isso, a noção de currículo passa a ter um olhar que envolve, por exemplo, o desenvolvimento de habilidades, metodologias e uso de tecnologias.

Em tempos de restrição do uso do celular na escola, como evitar que práticas positivas com a tecnologia digital não percam força e que a liberdade pedagógica de cada escola seja respeitada?

Estamos numa era de muita integração com a tecnologia. Por outro lado, dentro do processo educacional, restringimos o uso desta tecnologia. Não vou avaliar se isso é bom ou é ruim, porque agora estamos fora desse lugar. Mas temos que ter consciência do que está sendo feito. É claro que houve um uso indiscriminado, sem nenhum processo educativo tanto do ponto de vista familiar quanto do ponto de vista de escola. Porque o excesso de tela também tem uma causa dentro da família, que é quem deu esse celular e também possui dificuldade em administrar essa relação, uma vez que os próprios adultos também se enquadram nesse excesso de tela. Já na escola, o uso deveria ser do ponto de vista pedagógico de aprendizagem. E essa lei proíbe o uso indiscriminado. Mas sabemos que essa norma não vai resolver o tempo em tela porque na casa isso continuará.

Inclusive, a relação família e escola está mal construída e precisa ser fortalecida — teremos painéis sobre esse tema também. A gente precisa voltar a ajudar pais a saberem serem pais, para evitar que deleguem funções para a escola.

 

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A Bett completa 30 anos e a cada edição tem inovado em seus modelos de painéis (Foto: divulgação)

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