NOTÍCIA
Resiliência emocional e tenacidade emocional também devem fazer parte do currículo escolar
Por Marcel Costa* | Em meio a tanta tecnologia disponível, tantos chatbots, tanta inteligência artificial — sim, são muitas, para todas a habilidade e necessidades —, há espaço para aplicar a inteligência socioemocional dentro das salas de aula?
Principalmente ao longo da última década, o tema tem chamado atenção de educadores cada vez mais interessados em práticas socioemocionais nas escolas. O currículo e a absorção de informações continuarão como exigências no aprendizado ao longo da vida, mas dividirão espaço com o ensino de habilidades emocionais e desenvolvimento humano.
Já se sabe por experiência e prática que uma abordagem humana em sala de aula aprimora outras questões que serão úteis na vida acadêmica, profissional e pessoal. Especialistas e gestores em recursos humanos, por exemplo, já não olham apenas currículos e habilidades técnicas específicas, mas também o quanto tende a agregar atuando em equipe.
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Ao preparar nossos estudantes para o futuro, escolas que utilizam metodologias consolidadas e outras mais novas, com abordagens socioemocionais, criam ambientes de aprendizagem que contribuem para o crescimento integral dos estudantes. Um ponto ‘fora da curva’ que refletirá também na carreira profissional deles.
As próprias diretrizes estabelecidas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) incluem as competências socioemocionais como parte do currículo e incentivam práticas que desenvolvam empatia, resiliência, sociabilidade, autonomia, pensamento crítico e capacidade de relacionamento.
Foto: Shutterstock
Candido Portinari, considerado um dos mais importantes pintores brasileiros, disse certa vez: “O alvo da minha pintura é o sentimento”. Nada mais inspirador para qualquer sistema educacional que tem como alvo o sentimento, o desenvolvimento de competências e as inteligências socioemocionais.
Claro que nada deve pender demais para um lado, ou para outro. Equilíbrio sempre é bom e, no campo da educação, praticamente obrigatório. Ou seja, em todos os modelos educacionais, e metodologias pedagógicas, cabe às escolas e, principalmente, aos professores, integrar a preparação acadêmica ao desenvolvimento emocional.
Neste sentido, um novo campo das habilidades emocionais é a engenharia educacional, que atua de forma ampla em duas frentes: na resiliência emocional e na tenacidade emocional. Esses são dois aspectos que, trabalhados ao longo do processo educacional, permitem aos estudantes não apenas aprender conteúdos, mas desenvolver a capacidade de lidar com o estresse, pressão das provas e ansiedade.
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A resiliência emocional, no contexto da engenharia educacional, refere-se à capacidade de o estudante se recuperar rapidamente de fracassos acadêmicos e críticas, mantendo o equilíbrio emocional. Um estudante pode aprender a lidar com o estresse e superar um desempenho abaixo do esperado com agilidade, sem sofrer consequências emocionais negativas a longo prazo. Assim, consegue refletir sobre a causa real da falha, que se torna material para a próxima etapa de seu desenvolvimento.
Por outro lado, a tenacidade emocional representa a persistência e a capacidade de manter o foco, mesmo em condições adversas. O aluno, com esse suporte emocional, continua determinado a progredir, independentemente das dificuldades.
O que precisamos entender é que, independentemente da metodologia adotada pela escola ou instituição de ensino, trabalhar os aspectos inerentes à inteligência socioemocional com os estudantes e professores, resultará em ensinar e aprender de forma linear frente aos desafios do presente e futuro. Sim, com equilíbrio em plena era da inteligência artificial.
*Marcel Costa é fundador da IntegralMind, cursinho pré-vestibular e aulas de reforço. Professor, pesquisador, engenheiro formado pela Poli-USP com ampla experiência docente em diversos cursinhos e escolas de São Paulo.
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