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Autor

Redação revista Educação

Publicado em 27/01/2025

Grupo de doação de livros ajuda famílias a economizar até 90% na lista de material escolar

Organizado por mães, projeto ‘Doe Humboldt’ existe há 13 anos e conta com mais de 350 participantes

Para diminuir as despesas com materiais escolares e uniformes, mães do Colégio Humboldt, localizado em Interlagos, na zona sul de São Paulo, desenvolveram o projeto Doe Humboldt.  A iniciativa já permitiu, em alguns casos, a economia de 90% nas despesas com os produtos.

Criado há 13 anos, o projeto ganhou mais força nos últimos sete anos com a criação de um grupo de WhatsApp, no qual as mães voluntárias atendem famílias do colégio para as doações. Essa comunicação acontece o ano todo, mas principalmente em dezembro, quando as famílias começam a se movimentar para a compra de livros para o ano letivo seguinte, e em janeiro, no período que antecede a volta às aulas.

O Colégio Humboldt pertence a uma rede internacional com mais de 130 escolas alemãs no exterior, e atende da educação infantil ao ensino médio. Os estudantes aprendem quatro idiomas: português, alemão, inglês e espanhol.

 

doação de livros

‘Doe Humboldt’: projeto organiza doação de livros em escola (Foto: divulgação)

Histórico e como funciona

Quando o projeto começou a tomar corpo, as doações eram recebidas e retiradas nas casas das mães voluntárias. Com o passar do tempo, mais participantes foram aderindo, uniformes também passaram a ser doados e a instituição cedeu um espaço para o armazenamento das doações. Hoje, há um depósito no colégio para livros e um para uniformes.

Na maioria das vezes, as mães Renata Pietsch, Helô Kissling, Ana Hochheim, Flávia Coelho e Karine Kunst se encarregam de cuidar dos uniformes, fazendo a triagem daqueles que ainda estão realmente em condições de serem usados e preparando os pacotinhos com os pedidos recebidos.

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O grupo disponibiliza guias por turma, informando quais livros podem ser doados, tendo seu uso continuado, e quais devem ser comprados, caso de livros novos adotados para o próximo ano ou consumíveis indicados para compra na lista de material. “Como o colégio segue um currículo internacional, isso dá um intervalo maior para o uso dos livros. Eu, particularmente, já cheguei a economizar R$ 1.500 com livros”, comenta Renata Pietsch, mãe de um aluno do ensino médio da instituição.

“Faço esse trabalho com o maior prazer. Tenho uma planilha com a lista de todos os livros doados desde 2021; isso nos ajuda a elaborar o guia para as famílias na separação dos livros, os que precisam ser comprados e os que não”, diz ela.

Para participar do projeto, a família deve doar livros que ainda façam parte da lista de materiais para o próximo ano letivo, deixando-os devidamente identificados conforme cadastro previamente preenchido em formulário específico, na bancada de entrega de doações, no prazo estabelecido. 

As novas famílias também podem receber doações, o que é uma forma de dar as boas-vindas aos alunos.

Além dos livros da lista de material, são recebidos muitos outros que não são utilizados pela escola. Estes são separados e, na medida do possível, distribuídos a instituições, bibliotecas e outros. O que não é reaproveitado, é reciclado.

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Ao término do prazo estipulado para a entrega das doações, os livros são separados e disponibilizados às famílias para que compareçam ao colégio e peguem seus volumes, que ficam na bancada de retirada de doações.

“A ideia é fixar prazos para que o máximo de livros esteja disponível, a fim de serem distribuídos ao maior número de alunos inscritos”, diz Renata Pietsch Guilger, ex-aluna e hoje também mãe voluntária, que propôs o uso de ferramentas como formulário e site para ajudar na organização do grupo e possibilitar sua ampliação. “Seguindo nosso exemplo, alguns alunos, filhos de mães do grupo, também nos auxiliam quando podem, nos enchendo de orgulho”, comenta Renata.

‘A mãe que distribuía livros’

A mãe voluntária que deu início ao projeto, Theresa Cristina Beduschi Cianci, comenta que tudo começou quase por acaso, quando uma amiga, mãe de trigêmeos que estudavam um ano anterior ao de sua filha Victória, perguntou se ela se importaria em emprestar os livros que pudessem ser reutilizados por um dos seus filhos no ano seguinte. 

“Disse a ela que não só não me importaria, como também tentaria conseguir emprestados com outras mães de amiguinhas da minha filha. Assim, quase sem querer, os livros começaram a chegar e passar de uma mãozinha para a outra, de um ano para o outro”, relembra.

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Ela conta que, no início, as trocas e doações eram no ‘boca a boca’, nas conversas rápidas ao deixar ou buscar as crianças no colégio. Hoje, com tantas mães engajadas nessa corrente, a popularidade e procura por doações aumentam cada vez mais. “Ano a ano apareciam mais livros, mais mães passaram a me procurar tanto para solicitar alguns volumes, quanto para oferecer os livros que seus filhos usaram”, reforça. “Acredito que as doações de livros e uniformes têm conseguido a adesão de pelo menos metade das famílias que fazem parte da nossa comunidade escolar. A aceitação e aderência ao projeto vêm crescendo ano após ano.”

Na biblioteca, há um cantinho especial de livros, principalmente de leitura, que são colocados para doação e, vez ou outra, apareciam alguns que faziam parte da lista de material de alguma turma. “Sempre que eu sabia de alguma família que tinha filhos que iriam para a série em que aquele livro poderia ser reaproveitado, perguntava se já tinha ou se não precisava. Eu brincava que tinha o filme da Menina que roubava livros e eu era a mãe que distribuía livros!”, diz Theresa.

Doação salva uma matrícula

A bancária Cinara Rejane Belter Costa, mais uma voluntária do grupo e mãe de três filhos que estudam no Colégio Humboldt desde 2013, já perdeu a conta de quantos livros conseguiu em doações. “Foi começando de pouquinho e, quando eu soube da ajuda da Theresa com algumas famílias, um dia me pediram para doar ou emprestar os livros que eu não ia usar mais. Pensei: ‘Bom, eu não vou usar mais mesmo.’”

Cinara começou a ajudar a pegar livros de mães dos alunos das turmas de seus filhos e mais pessoas começaram a doação. “O meu carro e o porta-malas viviam cheios de livros.”

A bancária já chegou a gastar mais de R$ 3 mil na compra de livros. “Hoje, eu só compro se realmente muda o livro, senão, tudo é doação. Absolutamente tudo. Economizo 90%, na lista de livros.” 

Para ela, as doações fazem muita diferença, principalmente nesta época. “Para uma família que está com o dinheiro contado para pagar a mensalidade, ter os livros de graça é uma bênção. Arrisco dizer que pode salvar uma matrícula dentro de uma escola.”

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Valorizar e cuidar do material

Os professores do Humboldt e as famílias incentivam nos alunos o cuidado com seus materiais. “Falamos para os nossos filhos sobre o dinheiro que se está economizando, que pode ser usado para outra coisa. Então, vamos cuidar para o próximo estudante usar no ano que vem, para ele receber um livro bonito igual ao que recebemos”, conscientiza a mãe voluntária Cinara. 

Ana Hochheim, mãe de dois filhos que estudam no Colégio Humboldt desde 2015, sempre simpatizou com a reutilização das coisas. Ela costumava comprar os livros no Mercado de Pulgas, evento promovido pelo Colégio na Festa de Natal. No final de 2017, seu filho migrou para o currículo alemão e recebeu doação dos livros de Mathematik e de Biologie, ambos em perfeito estado. “Fiquei superfeliz e agradecida”, salienta. “Desde então, tendo sido convidada para entrar no grupo com o mote de que é muito melhor doar e receber do que vender e comprar. Me candidatei como voluntária e abracei a ideia, com a certeza de que esse era um projeto realmente bacana, uma corrente do bem, de ajuda real às pessoas. É um exemplo para as crianças, de cooperação e cuidado com os livros. O meio ambiente agradece, e o bolso, também”, finaliza.

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