ARTIGO
Na Escola Lourenço Castanho, em SP, cada etapa escolar tem a sua norma
A restrição do uso de celular na escola entrou em vigor este ano na Lourenço Castanho, instituição particular localizada na cidade de SP. Os resultados já são considerados positivos, destaca Daniela Coccaro, diretora do ensino médio da instituição.
“Os alunos encararam melhor do que a gente imaginava e avaliamos como uma decisão acertada. Ao longo do ano passado, discutimos com toda a comunidade escolar a presença desses dispositivos nos espaços da escola, inclusive com o apoio de psicólogos e especialistas em educação. Acreditamos que a transição esteja sendo suave e tendo boa aceitação por ser o resultado de um processo construído conjuntamente”, diz Daniela Coccaro.
Desde o início do ano letivo de 2024, os estudantes da educação infantil e ensino fundamental 1 não podem levar o celular para a escola. Já os alunos dos anos finais só estão liberados a usar o aparelho nos horários de entrada e saída — a proibição se estende a todo o período de aulas, incluindo o intervalo. No ensino médio, a Lourenço Castanho autoriza o uso do celular apenas durante o período do lanche, por razões, segundo a instituição, de autonomia progressiva.
A regra também vigora entre professores, educadores, inspetores e colaboradores, que não podem mais usar o dispositivo nos espaços de aprendizagem nem nos corredores.
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A diretora Daniela analisa que a medida na Lourenço vai ao encontro de um movimento adotado por algumas escolas em países considerados referência em educação, como Finlândia e Suécia. “Já antes da pandemia o uso exacerbado do celular chamava a atenção pela distração gerada em sala de aula quando usado sem mediação adequada e por seus impactos nas relações humanas. Hoje, após um longo período de confinamento compulsório, em que as interações foram maciçamente conduzidas por meio de telas, ainda vivemos um momento de resgate e reconstrução da convivência presencial coletiva.”
Visando reforçar o convívio e oferecer alternativa ao uso de celular na escola, a instituição promove atividades no intervalo, como oficinas de trabalho manual e de criatividade. “Tomamos esse cuidado principalmente com os alunos mais novos, para promover momentos de integração e fortalecer vínculos que o celular amorteceu”, compartilha Daniela Coccaro.
Para que a medida funcione, as famílias precisam se envolver. A escola criou e está aplicando as regras com base nas consultas à comunidade escolar, mas os responsáveis legais precisam apoiar a decisão chamando a atenção dos filhos quando eles descumprem o combinado, pontua a diretora.
“Os alunos precisam de limites claros e francos, embasados em argumentos. É o que fazemos na escola e, como nas outras propostas educacionais, o apoio das famílias faz toda a diferença”, analisa Daniela Coccaro.
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