ARTIGO
País perde quase 7 milhões de leitores em quatro anos
Nos últimos quatro anos, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no país, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Pela primeira vez na série histórica, a proporção de não-leitores é maior do que a de leitores na população brasileira: 53% das pessoas não leram nem parte de um livro — impresso ou digital — de qualquer gênero, incluindo didáticos, bíblia e religiosos, nos três meses anteriores ao levantamento.
O número de leitores é ainda menor ao se considerar apenas livros inteiros lidos no período de três meses anteriores à pesquisa: segundo o estudo, esse percentual é de apenas 27%.
A redução no percentual de leitores identificada na série histórica da pesquisa se deu em todos os perfis e segmentos pesquisados: por faixa etária, gênero, escolaridade, estudantes e não estudantes, por classe, renda e entre estudantes e não estudantes.
Considerando a faixa etária, apenas entre a população com 11 e 13 anos e com 70 anos ou mais não foi registrada redução no percentual de leitores. A faixa etária de 11 a 13 anos é a que apresenta o maior percentual de leitores — no entanto, vale ressaltar que a pesquisa também considera a leitura de livros didáticos como parte da investigação.
O estudo de 2024 permite a leitura dos resultados por unidades da federação e possibilita comparar os resultados de 2024 com os de 2019 e do restante da série histórica da pesquisa, por região.
Santa Catarina, com 64% de leitores na população, apareceu como o estado com maior proporção de leitores. Paraná e Ceará aparecem em seguida, com 54%, números que os colocam relativamente acima do percentual de leitores no Brasil (47%).
A região Sul é a única das cinco do país onde ainda há uma maioria de leitores na população: atualmente, 53% dos moradores desses três estados leram total ou parcialmente pelo menos um livro nos três meses que antecederam a pesquisa. Contudo, o dado é cinco pontos percentuais abaixo do verificado na edição anterior da pesquisa, quando a mesma região registrou 58% de leitores.
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No recorte por faixa etária, a leitura motivada pelo gosto diminui quanto maior a faixa etária dos indivíduos. Entre as crianças de cinco a 10 anos, 38% dizem ler por esse motivo. Durante a adolescência e até os 24 anos, esse índice varia de 31% a 34%.
Quando perguntados sobre os lugares onde costumam ler livros, a grande maioria cita a própria casa (85%). “Mas é preocupante notar como as salas de aula estão deixando de ser um lugar de leitura, conforme a série histórica demonstra”, comenta a coordenadora da pesquisa, Zoara Failla.
Em 2007, 35% citaram esse espaço escolar. Em 2011, foram 33%. Na edição seguinte, de 2015, as menções apareceram em 25% dos entrevistados. Em 2019, foram 23%. E agora foi de 19%, o menor índice já registrado.
A coleta de dados foi realizada pelo Ipec, por meio de entrevistas domiciliares face a face, com registro das respostas em tablets, e aconteceu entre 30 de abril de 2024 e 31 de julho de 2024. Nesta 6ª edição, a amostra foi de 5.504 entrevistados em 208 municípios.
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De modo geral, a Retratos da Leitura no Brasil apresenta um raio-X da relação do brasileiro com o livro, aferindo informações sobre hábitos e motivações para a leitura; representações e valorização da leitura; leitura de literatura; preferências sobre livros, gêneros e autores; a leitura em diferentes suportes; o acesso a livros, em papel e digital, envolvendo bibliotecas e os diferentes canais de distribuição e venda; o papel das escolas, das famílias e das bibliotecas na formação de leitores e no desenvolvimento da leitura no Brasil; práticas leitoras e acesso em meio digital e fragmentado, em diferentes materiais e ambientes; a formação de leitores e a influência para o consumo ou acesso aos livros.
Realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL), graças ao incentivo fiscal, pela Lei Rouanet, e patrocinada pelo Itaú Unibanco, essa edição da pesquisa contou com parceria da Fundação Itaú e com apoio da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). O levantamento foi feito pelo instituto Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria).
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