NOTÍCIA

Formação docente

Autor

Redação revista Educação

Publicado em 02/12/2024

Capes decide descontinuar Qualis e privilegiar qualidade individual dos trabalhos

Substituição reflete tendência global de priorizar a avaliação do impacto real de cada pesquisa

Nos últimos anos, a produção acadêmica no Brasil vem passando por transformações significativas. Uma das mudanças é a decisão da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) de descontinuar o Qualis Periódicos — sistema de qualificação de revistas científicas — a partir de 2025. Essa alteração reflete uma busca por critérios que privilegiem o impacto e a qualidade individual dos trabalhos, marcando uma nova era para pesquisadores, instituições e publicações acadêmicas, defendem especialistas.

De acordo com a professora Antonella Carvalho de Oliveira, editora-chefe da Atena Editora e doutora em ensino de ciência e tecnologia, essa transição é necessária para modernizar o processo de avaliação acadêmica no Brasil.

“O Qualis foi importante por muito tempo, mas não acompanhava a evolução das demandas globais de pesquisa, especialmente no que diz respeito à valorização do mérito individual de cada trabalho. Essa mudança traz uma oportunidade para o Brasil alinhar-se aos padrões internacionais e promover maior justiça no reconhecimento científico”, destaca.

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Qual o papel do Qualis na avaliação acadêmica?

O sistema Qualis, criado pela Capes, categorizava os periódicos em estratos (como A1, A2, B1, B2, etc.), funcionando como um indicador para programas de pós-graduação. Essa classificação permitia que as instituições mensurassem a qualidade das publicações científicas de seus docentes e discentes, sendo um fator determinante para a avaliação e manutenção das notas dos programas.

Contudo, como explica Antonella Carvalho, o modelo enfrentou críticas ao longo dos anos: “O Qualis avaliava os periódicos, mas não necessariamente o impacto ou a relevância de cada artigo individual. Isso gerava uma dependência excessiva da classificação do veículo de publicação, muitas vezes em detrimento do mérito científico”.

Por que a Capes decidiu substituir o Qualis?

A decisão de substituir o Qualis reflete uma tendência global de priorizar a avaliação do impacto real de cada pesquisa. Antonella Carvalho aponta alguns fatores que justificam a mudança:

    • Valorização da produção individual: “Ao focar no impacto e na qualidade de cada trabalho, a Capes incentiva uma análise mais justa e precisa, beneficiando os pesquisadores que produzem ciência de excelência, independentemente do periódico em que publicam”, explica a editora-chefe da Atena Editora.
    • Incentivo a novas práticas de publicação: “O sistema antigo limitava a inovação, pois os pesquisadores sentiam-se obrigados a publicar em periódicos tradicionais para atender aos critérios do Qualis. Com o novo modelo, há espaço para plataformas emergentes e artigos de acesso aberto”, comenta Antonella.
    • Fortalecimento da pós-graduação: “Essa mudança permitirá que os programas de pós-graduação demonstrem sua relevância científica de maneira mais direta, promovendo uma avaliação menos dependente das notas dos periódicos”, completa.
Capes

Sistema Qualis, criado pela Capes, categorizava os periódicos em estratos (como A1, A2, B1, B2, etc.), funcionando como um indicador para programas de pós-graduação (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O que muda a partir de 2025?

O novo sistema, ainda em desenvolvimento, será baseado em critérios como impacto científico, colaborações internacionais, inovação e relevância para o avanço do conhecimento. Antonella acredita que essa abordagem trará mais transparência ao processo de avaliação.

“A partir de 2025, cada artigo será analisado por seus próprios méritos, o que beneficiará pesquisadores que buscam produzir ciência inovadora e de alta relevância. Isso também cria um ambiente mais equitativo, onde o mérito individual é reconhecido”, afirma.

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Impactos para pesquisadores e instituições

A transição para o novo modelo trará mudanças significativas:

  • Liberdade editorial: pesquisadores terão mais autonomia para escolher onde publicar seus trabalhos, sem a pressão de atender aos critérios do Qualis.
  • Foco na qualidade: o incentivo à produção científica relevante e inovadora será fortalecido, elevando o padrão da pesquisa no Brasil.
  • Reorganização institucional: as instituições de ensino superior e os programas de pós-graduação precisarão adaptar seus processos de avaliação e financiamento, priorizando a qualidade da produção acadêmica.

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