Primeira sul-americana finalista do Global Teacher Prize, prêmio que a colocou entre os 10 melhores professores do mundo
Publicado em 13/11/2024
Tal medida não é nova e frequentemente traz à tona discussões sobre sua eficácia
É consenso que o uso de celulares nas escolas, quando não orientado por uma intenção pedagógica clara, pode gerar uma série de problemas que afetam tanto o aprendizado dos estudantes quanto o ambiente escolar como um todo. Um dos principais desafios é a constante distração que esses dispositivos proporcionam.
Notificações de redes sociais, mensagens instantâneas e jogos podem facilmente desviar a atenção dos alunos durante as aulas, resultando em uma queda no desempenho escolar e na participação nas atividades.
Além disso, a presença de celulares pode dificultar a capacidade dos estudantes de se concentrarem em tarefas importantes. A alternância constante entre atividades digitais e escolares prejudica a assimilação de conteúdos e a retenção de informações, criando um cenário em que o aprendizado se torna superficial.
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Historicamente, muitas escolas já tentaram banir o uso de celulares com a expectativa de que isso melhoraria a disciplina e o foco dos estudantes. No entanto, essas proibições muitas vezes geram resistência e não abordam a raiz do problema. Embora restringir o uso de celulares possa contribuir para um ambiente de aprendizado mais controlado, essa medida sozinha não resolve a questão.
É fundamental considerar a intencionalidade pedagógica; afinal, os estudantes, mesmo sem seus celulares, podem encontrar outras formas de se distrair, seja por meio de conversas, desenhos ou até pelo desinteresse nas aulas. Portanto, é essencial adotar estratégias mais abrangentes que promovam um uso consciente da tecnologia e incentivem o engajamento dos estudantes no processo educativo.
Em primeiro lugar, é crucial reconhecer que a tecnologia é uma parte intrínseca da vida dos estudantes e que, quando utilizada de maneira consciente e pedagógica, pode se transformar em uma valiosa aliada no processo de ensino e aprendizagem.
Em vez de simplesmente proibir o uso de celulares, as escolas devem desenvolver diretrizes claras que integrem esses dispositivos às atividades escolares de forma construtiva e produtiva.
Isso implica não apenas o uso de aplicativos educativos e pesquisas online, mas também a implementação de um currículo que inclua a educação midiática. Essa abordagem ensina os estudantes a analisar criticamente as informações que consomem, a discernir entre fontes confiáveis e não confiáveis e a utilizar a tecnologia de maneira ética e responsável.
Atividades que estimulem a colaboração e o aprendizado ativo podem ser potencializadas pelo uso consciente dos celulares, transformando-os em ferramentas que promovem a criatividade e a interação entre os estudantes. Ao adotar essa perspectiva, as escolas não apenas mitigam os problemas associados ao uso descontrolado da tecnologia, mas também preparam os estudantes para um mundo cada vez mais digital.
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Além disso, é fundamental promover a educação digital e o desenvolvimento de habilidades de autocontrole, alinhando-se aos pilares da BNCC da Computação, que incluem o mundo digital, a cultura digital e o pensamento computacional.
Ensinar os estudantes a gerenciar suas distrações e a usar a tecnologia de forma responsável pode ser uma abordagem mais eficaz do que a proibição total.
Associado a isso, é necessário abordar a questão da educação emocional e da disciplina digital. Os estudantes precisam ser orientados sobre como gerenciar suas distrações e desenvolver habilidades de autocontrole, autocuidado e autoconhecimento. Isso pode ser feito por meio de programas que ensinem a importância do foco, da atenção plena e do uso equilibrado da tecnologia. O desenvolvimento dessas competências é tão crucial quanto o aprendizado do currículo.
Também é essencial capacitar os educadores, garantindo que eles estejam preparados para integrar essas ferramentas em suas aulas de maneira a enriquecer o aprendizado e fomentar um ambiente educativo mais produtivo e engajante.
Muitas vezes, os professores se sentem despreparados para lidar com as novas tecnologias e as dinâmicas que elas trazem para a sala de aula. Investir em formação continuada para os educadores, focando nas metodologias ativas e no uso de recursos digitais, pode ajudar a transformar a maneira como as aulas são conduzidas, tornando-as mais atraentes e relevantes para os estudantes.
É fundamental envolver as famílias nesse processo educativo, pois a proibição do uso de celulares nas escolas, sem um controle semelhante em casa, pode ser contraproducente.
O diálogo entre escola e familiares é essencial para criar um ambiente pedagógico coeso, em que todos compreendam a importância do uso consciente da tecnologia. Ao aprender com os erros do passado e adotar uma abordagem equilibrada, podemos transformar os celulares de vilões em aliados no processo de aprendizagem. Essa colaboração não apenas reforça o aprendizado, mas também promove a responsabilidade digital, garantindo que os alunos desenvolvam habilidades necessárias para navegar de forma saudável e produtiva no mundo atual, valorizando a comunicação e o entendimento mútuo entre todos os envolvidos.
A proibição do uso de celulares nas salas de aula é uma medida frequentemente adotada por instituições de ensino em resposta à preocupação com a distração dos estudantes e à perda de foco nas atividades escolares. No entanto, essa abordagem isolada não resolve, de fato, os problemas enfrentados na educação contemporânea.
É fundamental reconhecer que a questão é muito mais complexa e demanda ações multifacetadas, que repensem as práticas pedagógicas e promovam a integração consciente e responsiva da tecnologia no cotidiano escolar.
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