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Opinião

A educação do patrono da escola pública brasileira

É de Anísio Teixeira a criação de um modelo inovador para a educação integral, inicialmente em Salvador, BA, e mais tarde adotado pela rede pública e replicado no país

Publicado em 21/10/2024

por Redação revista Educação

Por André Lázaro*: No dia 15 de outubro comemoramos o Dia do Professor — e da professora, pois 80% dos docentes da educação básica são mulheres. A data, neste ano, foi festejada com a assinatura pelo presidente da República da Lei 15.000/2024, que declara Anísio Teixeira patrono da escola pública brasileira. 

A vida e a obra de Anísio Teixeira merecem conhecimento e reconhecimento. Quando falamos de educação integral, Anísio Teixeira é a referência. É dele a criação de um modelo inovador para a educação integral, inicialmente em Salvador, BA, e mais tarde adotado pela rede pública quando da criação de Brasília e replicado no país.

Uma de suas ideias é repetida com razão: “só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública”.

Importância

O que torna a educação integral tão importante para a democracia brasileira? Ela amplia o tempo de presença de crianças e jovens nas escolas, democratiza o acesso ao patrimônio cultural, aproxima a escola da comunidade em que está inserida, promove atividades artísticas e práticas esportivas e cria um ambiente favorável ao aprendizado nas escolas. Em poucas palavras, ela cria vínculos entre a comunidade escolar, o território, os saberes locais e o legado civilizatório que a educação deve preservar, ampliar e difundir.  

É necessário ampliar o tempo de permanência das crianças e jovens da escola para que tenham oportunidades que lhes são vedadas pelas condições sociais que afetam grande parte de nossas infâncias e juventudes. É responsabilidade do Estado garantir acesso, permanência, aprendizagens adequadas e progressão nas etapas e níveis de ensino de tal modo que os privilégios de renda, localização, raça e cor não sejam capazes de monopolizar as oportunidades que devem estar abertas a todos e a cada criança e jovem. 

A educação integral tem a capacidade de atender às famílias, oferecendo um lugar seguro enquanto os responsáveis estão dedicados ao trabalho cotidiano, cada vez mais exigente e menos garantidor de direitos. Há diversos estudos econométricos que demonstram o elevado retorno, individual, social e econômico, fruto do investimento em políticas de educação integral que atendam, desde a infância, nossas crianças e jovens.

 

Quando falamos de educação integral, Anísio Teixeira é a referência (Foto: Shutterstock)

Quando falamos de educação integral, Anísio Teixeira é a referência (Foto: Shutterstock)

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Homenagem traz oportunidade

Neste século, o Brasil já conheceu iniciativas de políticas de educação integral: o Programa Mais Educação (2007-2016), alcançou no ápice de seu funcionamento, em 2015, 4,4 milhões de matrículas. Interrompido no ano seguinte, somente em 2023 o Ministério da Educação lançou o Programa Escola em Tempo Integral, que já conta com adesão de todos os estados da federação e grande parte das redes municipais.

A homenagem ao patrono da escola pública brasileira, Anísio Teixeira, renova a oportunidade de superar a escola dualista — que distingue as oportunidades de acordo com a classe social — e oferecer direitos iguais para todas as nossas crianças e jovens.

No entanto, alertava nosso patrono no período da redemocratização brasileira, em 1947: “Democracia é, literalmente, educação” e argumentava: “Há educação e educação. Há educação que é treino, que é domesticação. E há educação que é formação do homem livre e sadio”. É esta a educação que a educação integral pode promover. 

*André Lázaro é diretor de políticas públicas da Fundação Santillana no Brasil e foi secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC de 2007 a 2010

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