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Viviane Mosé: a civilização nasceu para negar a vida

Filósofa alerta sobre o aumento de suicídio no mundo; já o palestrante Murilo Gun afirma que a tecnologia veio para devolver a nossa humanidade. Os dois estiverem em um evento da International School que reuniu 1.200 gestores escolares

Publicado em 11/09/2024

por Redação revista Educação

De duas a três crianças/adolescentes de 10 a 19 anos se suicidam por dia no Brasil, chegando a 1.000 casos por ano, alerta a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) ao levantar dados do Ministério da Saúde entre 2012 e 2021. “O suicídio dessa faixa etária é o que mais cresce no mundo”, adverte Viviane Mosé, psicanalista e doutora em filosofia. 

“Tem cidade nos EUA que o suicídio de criança ganha dos acidentes — a causa que mais mata pessoas no mundo. Isso é muito grave”, enfatiza Viviane Mosé.

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Viviane Mosé participou ontem, 10, do Best Experience, evento realizado no Teatro Santander, SP, pela International School, empresa de soluções bilíngue para escolas e, mais recentemente, de edutainment (educação com entretenimento) que completa 15 anos de mercado. O Best Experience acontece até hoje, 11, reúne palestrantes renomados e é voltado a mantenedores e gestores das escolas parceiras da empresa. A organização estima um público de 1.200 pessoas.

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É preciso pausar e buscar o bem-estar

Contudo, os adultos também estão depressivos e ansiosos, incluindo gestores e professores que, mesmo sofrendo psiquicamente, ainda lhes exigem que ajudem os estudantes e suas famílias. “Mas que saúde eles têm pra isso?”, questiona Mosé, que em seguida responde: “Precisamos entender que nós, humanos, nos alimentando da civilização, racionalmente entendemos que a vida não presta, que o humano está se destruindo, que o humano é horrível, que a civilização é horrível e assim não queremos mais viver”, afirma. 

Segundo a filósofa, a saída está em esquecer a civilização, que nasceu para negar a vida, e entender que “somos filho da vida” e que temos direito de existir mesmo que o mundo esteja desabando. Não é se isolar e negar as desigualdades, mas se permitir um momento de pausa, de respiro, de contato com a natureza, por exemplo, ou outra prática que traga a sensação de bem-estar, além de reconhecer cada conquista sua.

Viviane Mosé

Viviane Mosé palestrou no evento da International School para 1.200 gestores (Foto: revista Educação)

“Estamos em uma situação difícil, grave, mas temos como sair: temos tecnologia; tem como o mundo produzir uma renda universal que saia dos fundos de investimentos e não dos governos. É possível fazer um fundo de investimento internacional com os bilionários em que eles não gastem, apenas aplicam uma parte de seu dinheiro e essa aplicação pode ser usada para pagar um salário mínimo universal”, exemplifica.

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A chave está no coração

Após a participação de Viviane Mosé, o público do evento da International School escutou Murilo Gun, que viaja o Brasil palestrando sobre criação e pensamento inovador com pitadas de comédia. De início ele já cutucou o modelo tradicional de ensino ao reforçar que exercitamos a memorização e deixamos a criatividade de lado.

“A tecnologia não veio para roubar o espaço do humano. Nós que estamos roubando [aspectos da tecnologia]: o nosso modelo de vida se baseia em uma máquina, incluindo o nosso dia a dia acelerado. Temos que resgatar a profundidade humana que é o coração. A tecnologia veio para devolver a nossa humanidade, mas para acessar a intuição, aquele ‘feeling’, o sentir, temos que limpar [o que tira o nosso foco e nos desestabiliza]”, orienta Murilo Gun.

Segundo Murilo, já somos o que queremos ser, basta tirarmos o que não serve. “É sobre tirar, e não colocar. É tirar os barulhos, aqueles excessos de preocupação e cobrança da mente.”

Viviane Mosé

Murilo Gon refletiu sobre criatividade e liderança (Foto: revista Educação)

De maneira metafórica, Murilo Gun deu outro conselho: “o ser humano é feito de água e coleciona ‘má água’ — mágoas. Água parada é energia parada. O que falta para vivermos a experiência completa humana é abrir o coração”.

Já para incentivar a criatividade, Murilo convida os adultos a aprenderem com as crianças, tidas como mestras da imaginação, mas desde que se dê espaço para elas serem as mestras. “A criança fica na presença, ela vê acontecer sem se prender ao que pode acontecer”, instiga.

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