NOTÍCIA
Estudantes da mesma sala podem ser mediadores entre as vítimas e os educadores, é o que aconselha Anderson Mendes, diagnosticado com depressão e TDAH
Publicado em 04/03/2024
O bullying e o cyberbullying estão entre os principais motivos que levam ao suicídio, inclusive, muitas crianças e jovens ficam marcados pelos traumas que sofreram na infância.
“Às vezes, algo ruim que aconteceu com você e te derrubou pode não ser nada para outra pessoa que passou pela mesma situação. Isso torna as questões emocionais um grande problema, porque o indivíduo pode se deparar com falas como: ‘Ah, mas a pessoa só fez aquilo, eu já fui zoado na escola, não tem motivo para ela estar assim’”, analisa Anderson Mendes, consultor em saúde mental e bem-estar emocional, e diagnosticado com depressão e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
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Anderson é autor do projeto Depressão não é frescura, que inclui livro e até um documentário com o mesmo nome, o qual conta com depoimento de especialistas como Mario Sergio Cortella e Monja Coen, que revisitam a gravidade e importância de compreender o assunto.
A maioria das pessoas não consegue se abrir quando passa por uma situação difícil. Segundo Anderson, ao repararmos que alguém está agindo diferente e perguntarmos se ela está bem, a resposta tende a ser: ‘sim, estou bem’. Então, como ajudar a trazer esse sofrimento para fora e criar um espaço de acolhimento para que esse estudante ou essa criança possa se abrir? A sugestão do consultor é criar nas escolas, nas salas de aula, ‘pontos de luz’, ou seja, representantes que possam atuar como agentes para ajudar o estudante que está sofrendo bullying ou cyberbullying a buscar saídas e ajuda.
“Em cada sala ou em cada grupo você pode escolher duas pessoas consideradas ‘pontos de luz’, estudantes que transitam bem com todo mundo, que falam com pessoas das mais extrovertidas até as mais introvertidas, aqueles que minimamente podem ser considerados pontos de segurança”, explica Anderson Mendes.
Esses estudantes que estão atuando como ‘pontos de luz’ vão trabalhar com os educadores na identificação daqueles que estão apresentando mudanças de comportamento, porque “por mais que o professor esteja atento, muitos jovens não se sentem à vontade para compartilhar sua dor, mas podem ter mais abertura com alguém da sua idade”, esclarece Anderson.
A ação também consiste em formar os alunos para entender a gravidade do tema que é o bullying e o cyberbullying e preparar educadores para conseguirem, junto de seus ‘pontos de luz’ e dos outros jovens, uma rede de acolhimento.
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