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Famílias como aliadas na defesa e resgate da educação

Por Cristina Godoi*: A máxima de que a “educação é a solução dos nossos problemas como país” é amplamente divulgada e aceita. Confesso que ao trabalhar com educação e tê-la como centro dos meus propósitos, constantemente me pego em discussões com amigos e conhecidos sobre […]

Publicado em 08/08/2023

por Redação revista Educação

famílias aliadas da educação Famílias aliadas da educação Foto: shutterstock

Por Cristina Godoi*: A máxima de que a “educação é a solução dos nossos problemas como país” é amplamente divulgada e aceita. Confesso que ao trabalhar com educação e tê-la como centro dos meus propósitos, constantemente me pego em discussões com amigos e conhecidos sobre o tema, sempre caminhando, de alguma forma, para a defesa da importância da educação. 


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Em minhas conversas, até hoje, nunca encontrei alguém que tenha defendido posição contrária, que tenha se aventurado a argumentar a respeito de uma menor importância do ato de educar. Entretanto, não é infrequente a impressão de que não encontro eco em minha fala e preocupação. A afirmação de que “sim, a educação é fundamental” me parece, muitas vezes, distante, desvinculada de ação e até mesmo ingênua. Por outras vezes, sinto como se falar de estudo e aprendizado estivesse ‘fora de moda’.

Famílias aliadas da educação

Tenho me questionado sobre a razão de sentir um gap tão importante entre mim e meu interlocutor nessas discussões. Talvez uma chave de resposta seja entender nosso papel individual na solução dos problemas (tendemos a pensar em ações do poder público quando discutimos atitudes para melhorar a educação). 

Por exemplo, em uma dessas conversas, discutíamos sobre a importância de valorizar a educação como família, perante os filhos, ao incentivá-los a estudar, aprender, raciocinar e participar. A mãe em questão concordou comigo, dizendo que sempre incentiva o filho, exceto quando entende que o que ele está sendo convidado a aprender não será útil em seu futuro. Exemplificou com conteúdos como logaritmo, na matemática, ou nomes de capitais de países, na geografia. 

Sua resposta me deixou confusa e inquieta. Como iremos, como pais, incentivar nossos filhos a aprenderem parcialmente aquilo com o que entram em contato? O aprendizado não diz respeito, exatamente, a conhecer o desconhecido, novos conceitos, novas ideias, novos raciocínios, novas visões de mundo? Como saber de antemão quais ideias valem nosso interesse e foco? 

Continuando a discussão, ela me explicou que não faria sentido o esforço de aprender tais conteúdos já que eles estão disponíveis para consulta na internet. Argumentou também que o acesso a muito mais será ainda mais facilitado com o desenvolvimento das inteligências artificiais.

famílias aliadas da educação
Famílias aliadas da educação
Foto: shutterstock

A fala me trouxe com um frescor, como se fosse a primeira vez que eu tomasse contato com essas tecnologias, um encantamento sobre novas possibilidades para ampliarmos nossos aprendizados e conexões neuronais. Sim, são evoluções maravilhosas, mas que, a meu ver, se somam a, e não substituem, as formas mais tradicionais de aprender.


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Papel da família

Nosso papel de pais não seria incentivar nossos filhos a serem curiosos, persistentes e disciplinados com o estudo e com o aprender? Ao tentarmos desenvolver uma curadoria de aprendizados necessários (ou deixarmos que as crianças o façam) para que não sejam submetidos a trabalho excessivo, esvaziamos a importância da educação, a meu ver. 

Do ponto de vista prático e coletivo, a educação tem um fim utilitarista: busca a qualificação para o mercado de trabalho por meio da ocupação de funções técnicas, de posições de média e alta liderança, de desenvolvimento de pesquisa e progresso, de riqueza de um país e bem-estar de seu povo.

Mas do ponto de vista individual e singular, a educação é ferramenta de lapidação de muitos diamantes brutos, é o caminho para cada criança e jovem atingir sua plenitude. Ferramenta para expansão de raciocínios, para a compreensão de mundo e de nós mesmos.

Garantidas as necessidades básicas, acredito que o maior presente que uma criança pode receber são pais zelosos que a ensinem a amar o conhecimento, com interesse e curiosidade, como seu bem mais preciso. Isso, para mim, é a defesa da educação que cabe a nós, pais, em nossas casas.

*Cristina Godoi é mantenedora dos colégios Albert Sabin, AB Sabin e Vital Brazil, em SP

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Redação revista Educação


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