NOTÍCIA
Para incentivar a formação docente, a gestão também precisa estar aberta aos movimentos da educação e sociedade
Publicado em 11/05/2023
Muitos docentes ingressam na carreira sem a devida preparação didática, o que pode comprometer a qualidade do ensino e prejudicar o aprendizado dos estudantes. O investimento em formação continuada de professores é fundamental para que a prática educativa se atualize conforme as mudanças da sociedade. Este processo torna-se ainda mais efetivo quando há participação e empenho dos gestores escolares.
Este será o tema do painel Formação continuada e desenvolvimento profissional docente: o papel da gestão escolar, em 11 de maio, às 16h, na Bett Brasil*, que conta com a curadoria e participação de Bárbara Born, diretora de pós-graduação, extensão e pesquisa no Instituto Singularidades, além da presença de Gabriela Moriconi e Teixeira Júnior, apresentados a seguir.
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Se o reconhecimento da importância da formação continuada ainda é um desafio no Brasil, o momento para desenvolvê-la nunca foi tão propício. Segundo o professor Teixeira Júnior, gerente de soluções educacionais da Somos Educação, estamos vivendo uma ‘era de ouro’ da educação, que passou a ser um objetivo comum no mundo coorporativo. “A educação está sendo reconhecida, as empresas veem a importância de formar seus funcionários e o ensino continuado está presente em vários nichos de atuação profissional.”
Na esteira, aumenta a responsabilidade da gestão escolar nesse processo de melhoria. Para ele, a atuação das lideranças na formação continuada deve ser voltada à motivação, direcionamento de oportunidades e melhoria da aprendizagem com o uso de tecnologias. “Mas a gente não pode pensar que a tecnologia vai se sobrepor ao professor porque, na verdade, ele é o protagonista desse conhecimento, com uma percepção única de desenvolvimento de habilidades dos estudantes”, ressalta Teixeira.
Buscar melhorias na aprendizagem por meio da formação dos professores não se resume apenas ao desenvolvimento de habilidades técnicas através de novas tecnologias. Questões como cyberbullying e detecção de abusos domésticos também trazem resultados diretos no desempenho escolar e devem ser observados pelo gestor.
“É preciso fazer um levantamento, diagnóstico, para saber quais ações formativas serão realizadas para melhorar a aprendizagem dos estudantes, pode ser algo relacionado à convivência, ao comportamento, alguma habilidade específica, vai depender de cada realidade”, afirma Gabriela Moriconi, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas. O papel do gestor, nesses casos, é construir pontes entre as pautas de formação que envolvem os currículos e as temáticas que ultrapassam os limites da escola.
“Hoje em dia, com a questão do bullying, da diversidade sexual e de gênero, é imprescindível que a escola saiba trabalhar esses temas. É importante entender que, para lidar com esses assuntos complexos, o gestor também precisa de formação, até para saber mediar e entender as temáticas desenvolvidas”, explica Bárbara Born, diretora de pós-graduação, extensão e pesquisa do Instituto Singularidades.
A formação continuada dos próprios gestores nos novos desafios educacionais torna-se necessária para que a formação docente seja voltada para atender pontos mais estratégicos. No setor público, onde o programa é mais deficitário, as políticas são pensadas, em muitos casos, pelas Secretarias Municipais e Estaduais de Educação. “Muitos docentes não têm acesso à formação continuada porque as condições básicas não são garantidas”, explica Moriconi.
Além disso, em muitos casos, os gestores não estão preparados para liderar qualquer tipo de formação, especialmente as que estão fora de sua área de atuação profissional. Para Bárbara, o ideal é o desenvolvimento de políticas públicas que propiciem a formação como algo fundamental para melhoria da aprendizagem e das relações dentro da escola, onde o gestor pode ser um facilitador das formações, não uma referência de conteúdo. “O papel do gestor é o de garantir a criação de um ambiente de aprendizagem que contemple todos os agentes educativos, seja professores, funcionários, famílias ou estudantes”, diz Bárbara Born.
Teixeira Júnior ainda ressalta que, para que se tenha uma comunidade escolar engajada na aprendizagem, é necessário que o gestor escolar entenda que, além de investir em IA e novas tecnologias, é preciso valorizar aquilo que só o ser humano é capaz de fazer: “desenvolver a empatia, a convivência e tudo aquilo que pode propiciar uma vida escolar feliz e saudável”, acrescenta.
*A Bett Brasil é o maior evento de educação e tecnologia na América Latina. Acontece de 9 a 12 de maio, no Transamerica Expo Center, São Paulo. E nós, da Educação, estamos fazendo uma cobertura especial. Clique aqui para ficar por dentro de tudo.
Nossa cobertura jornalística tem o apoio das seguintes empresas: Epson, FTD Educação, Santillana Educação, Skies Learning by Red Balloon e Somos Educação.