Primeira sul-americana finalista do Global Teacher Prize, prêmio que a colocou entre os 10 melhores professores do mundo
Publicado em 19/10/2022
Segundo relatório divulgado pelo Semesp, pode faltar professores futuramente pela falta de interesse de estudantes na carreira docente
Temos uma oferta crescente de cursos de licenciatura no país, no entanto, falta interesse de estudantes na carreira docente e corremos um risco real de termos falta de docentes. A informação foi divulgada recentemente pelo Instituto SEMESP, entidade que representa as mantenedoras de ensino superior.
O relatório apresenta uma queda no número de matriculados em cursos de licenciatura nos últimos anos, sendo que as matrículas efetivadas se dão por profissionais da área que buscam aperfeiçoamento profissional.
Inclusive, o relatório reflete o que ocorre no chão da sala de aula: professores não são preparados para lidar com vários problemas que permeiam a carreira, como infraestrutura, atratividades na carreira e salário. Por outro lado, nossos jovens não possuem interesse na carreira docente e corremos um risco real de ter uma ausência futura de 235 mil docentes.
Também chama a atenção os professores jovens, na faixa etária de até 24 anos, aqueles em início de carreira, o qual caíram quase pela metade (42,4%) no período de 2009 a 2021, passando de 116 mil para 67 mil professores.
A conta é simples: se não revertermos a atratividade e o desinteresse dos nossos jovens, não teremos professores. E são muitas as causas que nos levam a essa a situação, desde a precarização da profissão, baixa remuneração e ausência de reconhecimento.
Um professor de carreira no ensino médio recebe em média salário de R$ 5,4 mil reais (e esse dado não é o que ocorre de fato em grande parte do nosso país), enquanto uma um outro profissional com ensino superior completo, recebe em média de R$ 6,5 mil. A oferta de emprego na área da educação está longe do ideal, principalmente quando o assunto é incentivar a prática docente. Em um país que necessita de mais valorização e bases sólidas para a educação, muitas vezes uma carga horária semanal de 20 horas vale menos que um salário mínimo.
Leia: Se não mudar, vai faltar professor
Existem outras razões para o baixo engajamento nas licenciaturas e essas incluem burocracias desnecessárias, como ausência de recursos tecnológicos para acompanhamento do estudante – em muitas regiões do nosso país ainda temos que lidar com diário de classe de papel e sem rasuras, com a baixa infraestrutura nas nossas escolas.
Dados do IBGE de 2019 mostram que quase metade das nossas escolas em território nacional não possuem saneamento básico, sem contar a falta de equipamentos e materiais didáticos, bem como problemas como a violência na sala de aula e desdobramentos da pandemia. Os professores lideram o ranking daqueles que sofrem de burnout, síndrome caracterizada pelo esgotamento físico e mental que impactam diretamente o processo de aprendizado.
Envelhecimento: temos ainda outros dados alarmantes, o envelhecimento do corpo docente que está na linha de frente. Tivemos na última década um aumento considerável de professores que se aposentaram, tendo um índice de 109%.
Evasão: para sobreviver, um professor leciona em até três escolas em média e não consegue se aprimorar profissionalmente. Outro dado a esse respeito é a evasão na graduação de não concluintes, tendo um impacto nas licenciaturas em EAD.
Esses dados não são para alarmar, mas, sim, para refletir e mostrar que precisamos reconhecer o papel do professor como agente transformador da sociedade. Os problemas já são conhecidos, precisamos agir mais e resolvê-los, compreendendo que verdadeiramente quem faz a educação são os professores e que para alavancar precisamos, como já dito, valorizá-los e reconhecê-los.