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Débora Garofalo

Primeira sul-americana finalista do Global Teacher Prize, prêmio que a colocou entre os 10 melhores professores do mundo

Publicado em 09/09/2022

Os tropeços da educação brasileira

O primeiro passo é melhorar a formação e valorização dos docentes, aponta nesta coluna Débora Garofalo

students-learning-at-school-in-their-classroom Foto: freepik

O Brasil ocupa o 53º lugar na educação, entre 65 países avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Além disso, 1,4 milhões de crianças e adolescentes entre seis e 14 anos estão fora da escola, segundo estudo do Unicef e IBGE. Temos a tendência a acreditar que a educação brasileira possa ser resolvida sozinha. No entanto, é preciso uma série de ações para melhorar e garantir qualidade e equidade. 

O primeiro passo é melhorar a formação e valorização dos docentes, visto que o protagonismo docente implica e resulta no desenvolvimento de estudantes e da escola. Estamos no século 21, mas com um processo de escolarização que teve início em meados do século 20 e seu crescimento se deu nos finais dos 70 e início dos 80. São muitos os desafios para uma escolarização que ainda engatinha, como aumentos dos investimentos de infraestrutura e recursos, déficits de aprendizagem em que 2,4 milhões de crianças não sabem ler e escrever no nosso país e essa conta não pode ser colocada apenas para escolas e professores. 


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A educação brasileira não está em crise


Frente a esses dados, podemos falar em avanços, mas tímidos e defensivos, quando constatamos que somos a 12º posição do Produto Interno Bruto (PIB) e podíamos estar muito à frente. É preciso agir e investir e temos soluções viáveis para isso ocorrer, entre quais, elenco:

Formação docente

Precisamos de uma reforma significativa na formação inicial e continuada dos nossos professores. Subsidiar e dar condições de novas graduações e investimentos em pós e programas de lato sensu e stricto sensu. Rever estágios iniciais e fornecer maior atratividade na carreira docente, como programas de evolução funcional e contribuições no quesito de princípios para atuação em sala de aula, conforme prevê a Base Nacional Comum Curricular:

  1. Compreender e utilizar conhecimentos historicamente construídos;
  2. Pesquisa, investigação, reflexão, realização à análise crítica e criativa;
  3. Valorização e incentivo às diversidades artísticas e culturais;
  4. Uso das diferentes linguagens, verbal, corporal, visual, sonora e digital;
  5. Utilizar e compreender tecnologias digitais de informação e comunicação de forma significativa, ética e reflexiva;
  6. Valorização da formação permanente para o exercício profissional;
  7. Desenvolvimento de argumentos em fatos dados e informações;
  8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e mental;
  9. Exercer a empatia, diálogo nas resoluções de problemas;
  10. Agir, incentivar, de forma singular e coletiva, o uso das habilidades socioemocionais e democráticas. 

Primeira infância

Tudo inicia pela infância e precisamos aprender muito com essa etapa de ensino. Ao longo dos seis primeiros anos, ocorre o crescimento físico, o cérebro amadurece, e a criança se movimenta e amplia sua capacidade de aprender e interagir com o outro.

Sendo esse período essencial, deve-se assegurar políticas públicas para a habilidade de leitura e escrita e ampliar as relações e interações socioemocionais. Esse desenvolvimento, no entanto, leva em consideração o ambiente e as experiências vividas por cada indivíduo. No entanto, precisamos superar o desafio e ofertar vagas às crianças, garantindo sua participação na escola.

Alfabetização na idade certa

O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso formal assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios, a fim de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental.

Estruturar os processos pedagógicos de alfabetização, nos anos iniciais do ensino fundamental, articulando-os com as estratégias desenvolvidas na educação infantil, com qualificação e valorização dos(as) professores(as) alfabetizadores e com apoio pedagógico específico, a fim de garantir a alfabetização plena de todas as crianças. Percebe-se, então, a alfabetização da criança na idade certa como momento essencial para a aquisição e apropriação da escrita, sua importância num contexto de letramento na etapa inicial da aprendizagem escrita com eventos variados da leitura. 

Olhar para o que deu certo no nosso país é uma maneira de impactar positivamente essa agenda, com ações simples como as realizadas na cidade de Sobral, no Ceará, que contou com: fortalecimento da gestão escolar; fortalecimento da ação pedagógica; valorização e bonificação dos profissionais do magistério; políticas que estimulam a aprendizagem na idade certa. 

Investimentos e consolidações de políticas públicas

Conquistas realizadas não podem ser retrocedidas, é essencial que consolidação de políticas públicas e investimentos sejam garantidos e assegurados para que possamos continuar avançando, não apenas como educação, mas como um projeto para o nosso país. 

Não precisamos de receitas que nos ensinem como realizar tais práticas, porque as conhecemos, mas, sim de continuidade de políticas públicas que têm dado certo.

Escute nosso episódio de podcast:


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