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As múltiplas infâncias precisam ser incluídas nas cidades

Beatriz Abuchaim, Michelle Tambroni e Juliana Diamente discorreram sobre infâncias e cidades durante o painel de abertura do GEE

Publicado em 16/08/2022

por Leticia Scudeiro

‘Educação infantil, BNCC e o diálogo com o território’ foi tema do primeiro painel do Grande Encontro da Educação, que começou hoje, 16, e vai até 19 de agosto. Beatriz Abuchaim, gerente de conhecimento aplicado da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal destacou que a BNCC na educação infantil possui seis direitos de aprendizagem para a criança: expressar, conviver, brincar, participar, explorar e conhecer-se. Levando em conta esses direitos, ela apresentou que dentre as turmas avaliadas em recente pesquisa da Fundação, 55% não praticam o ato de leitura de livros e 42% não têm brincadeiras livres – o que é preocupante. Beatriz ressaltou que a BNCC deve ser pensada como política pública e a pedagogia deve deixar de ser transmitiva (o professor como centro) e passar a ser participativa (colocar a criança como foco).


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“Em relação aos desafios de implementação da BNCC como política pública, o que precisamos trabalhar como país?  Acho que uma coisa importante é trabalhar o fortalecimento do regime de colaboração entre estados e municípios. Os estados podem ajudar muito os municípios, principalmente os menores nesse processo de implementação, mas poucas Secretarias Estaduais de Educação se voltam para a questão da educação infantil, e acho que isso é uma trajetória que devemos fortalecer”, disse Beatriz Abuchaim.

Michelle Tramboni, coordenadora pedagógica de educação infantil da EPG José Jorge Pereira da rede municipal de Guarulhos, e Juliana Diamente, professora da Faculdade de Educação da Unifesp, também participaram deste painel destacando a importância e a construção do território como meio de aprendizagem nas infâncias. 

Segundo Michelle, ter contato com a territorialidade para a aprendizagem, ainda mais na educação infantil, é fundamental, pois é nesse espaço que as crianças terão suas vivências e experiências. Para se criar esse ambiente, ela apontou que é preciso fazer um mapeamento do território levando em conta as características e singularidades de cada região e neste processo é importante saber a opinião da criança – ela deve ser vista como um cidadão capaz de ajudar a transformar esse espaço em um território melhor. 

“É fundamental no mapeamento pesquisar: como as crianças veem o território? Qual o mapa afetivo delas? Quais são os sonhos delas para aquele território? Quais são as territorialidades que elas construíram? O que falta para que elas tenham os seus direitos e os seus sonhos respeitados?”, destacou Michelle Tambroni.

Juliana Diamente também comentou sobre a importância de se pensar na criança para a construção dos territórios, porém na prática isso raramente acontece, mas ainda assim o educador deve trazer o tema para debate dentro das escolas e quebrar suas próprias barreiras, dando a possibilidade dos alunos de conhecerem o seu entorno. 

“Quando a gente traz essa discussão de criança e cidade para dentro da escola, ainda que com o compromisso de utilizar outros óculos para olhar além dela, a gente traz para a escola uma possibilidade de atuar como brecha, com fissura desse lugar programado. E atuar como brecha é romper esse cotidiano à medida que proporciona o encontro das crianças com as cidades, à medida que derruba os muros da escola para que as crianças tenham um encontro com o outro, com o diverso que o espaço urbano pode trazer, e assim possibilitar experimentar, caminhar, ver, ouvir, sentir, questionar, participar da vida urbana como lhe é de direito”, defendeu Juliana. 

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Autor

Leticia Scudeiro


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