ARTIGO

Olhar pedagógico

A experiência de professores universitários no retorno presencial

Por Gustavo Lima da Plataforma Ensino Superior*: Após um período de urgente adaptação para que a ministração de aulas fosse possível dentro do momento mais delicado da pandemia, professores universitários se veem, novamente, desafiados a exercer o seu trabalho em um novo cenário. Desta vez, […]

Publicado em 30/03/2022

por Redação Ensino Superior

Por Gustavo Lima da Plataforma Ensino Superior*: Após um período de urgente adaptação para que a ministração de aulas fosse possível dentro do momento mais delicado da pandemia, professores universitários se veem, novamente, desafiados a exercer o seu trabalho em um novo cenário. Desta vez, a adaptação se faz necessária com a volta dos estudantes para o retorno das aulas presenciais nas instituições de ensino superior. Mas, após cerca de dois anos com avanços tecnológicos trabalhados no modelo remoto, há sentido em retomar às mesmas metodologias seguidas antes de 2020?

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O mestre em história social e docente no UNISAL – Centro Salesiano Universitário de São Paulo, Diego Amaro de Almeida é um defensor do modelo digital, mas enxerga a importância do retorno ao ensino presencial. “Acredito que nós temos que aproveitar as tecnologias digitais para trazer mais significado para as nossas aulas, para poder potencializar a aprendizagem”, diz. Almeida, que atua como professor dos cursos de educação física, pedagogia, filosofia e história, aponta o que, para ele, torna a presença essencial: “Nada substitui o olhar. O professor ensina, aprende e tem feedbacks no olhar e na expressão do aluno”, afirma.

Foto: Envato Elements

O retorno presencial exige uma atenção redobrada para garantir que não funcione exatamente da mesma maneira que as aulas remotas. “Nós somos orientados a buscar caminhos para tornar as aulas mais práticas e dinâmicas”, explica o profissional. Segundo Diego, os professores passam por um processo de orientação com algumas formações que são feitas pela própria instituição no propósito de buscar uma constante melhoria dentro das aulas oferecidas. No UNISAL, no entanto, a pandemia não foi o fator de mudança, ressalta o mestre em história social. “Desde 2012 a instituição tem praticado muito no sentido das metodologias ativas e inovadoras de aprendizagem”, relata.

Percepções sobre absorção de conteúdo e engajamento

Com o retorno ao modelo presencial, os professores também podem analisar, de forma mais próxima, a absorção do conteúdo por parte dos estudantes. Diego conta que, nas turmas em que desenvolve a sua atividade docente, houveram alguns problemas. “Mas nada tão grave a ponto de não ser possível recuperar”, garante.

Diego Almeida, professor no Unisal, em Lorena-SP (foto: arquivo pessoal)

Já nas aulas da doutora em ciências ambientais, Viviane Japiassú Viana, que leciona na UVA – Universidade Veiga de Almeida (RJ), as principais dificuldades desencadeadas pelo ensino remoto estão relacionadas à postura dos estudantes. “Os alunos adotaram uma postura um pouco passiva diante do contexto das aulas online, onde, muitas vezes, não abriam a câmera nem o microfone. Eles se acostumaram a ficar só ouvindo a aula e, no presencial, ainda estão um pouco devagar na interação”, reflete.

A docente revela que, nas primeiras aulas, os estudantes estavam mais quietos, mas agora já participam com mais frequência. “E aí que eu entro com as metodologias ativas. Metodologias que os colocam para participar, interagindo de alguma maneira e executando alguma tarefa durante a aula, de modo que não haja a possibilidade de ficar apenas escutando”, frisa.

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Na UVA, por demanda dos alunos, as aulas foram mantidas no modelo híbrido. De acordo com Viviane, 60% das disciplinas foram mantidas presencialmente, enquanto 40% seguiram no formato virtual e síncrono, unindo aulas já ministradas de modo online antes da pandemia, com aulas presenciais que se mantiveram virtualizadas. A decisão foi tomada pelas coordenações junto com a pró-reitoria, para que se decidisse trazer ao presencial aquelas que demandam e tem maior ganho com o uso dos laboratórios e campus.

Viviane Japiassú, professora na UVA, Rio de Janeiro (foto: arquivo pessoal)

Daqui para frente

Em ambas as universidades, o uso de máscara segue obrigatório para os estudantes nos ambientes fechados. Na Veiga de Almeida, os professores podem optar por ministrar as suas aulas sem a proteção. Na avaliação dos docentes, apesar da resistência inicial em relação à retomada da rotina, o retorno dos alunos tem sido positivo. “Ficou perceptível que eles estão mais engajados agora”, pontua Diego.

Ao falar sobre o futuro do ensino, o professor do UNISAL evidencia a necessidade de investir na formação do professor. “O docente, como todo profissional, precisa estar atualizado. Entendo e desejo que as instituições compreendam que a educação é o centro”, declara. “Muito mais do que mercado de trabalho, nós estamos falando do mundo do trabalho, que é mais amplo”, completa.

Em relação às metodologias utilizadas em sala de aula após o período de ensino remoto, o profissional pondera: “As tecnologias são uma ferramenta, como o giz um dia foi. Precisamos cada vez mais nos apropriar delas e perceber quais são os momentos em que devem ser usadas. As ferramentas devem servir aos conteúdos das aulas e não o contrário”. “Nós temos que nos dedicar não só a formação dos nossos alunos, como também dos professores, e esse aperfeiçoamento didático só é conquistado a partir da formação e da experiência”, reforça.

Esta matéria, do repórter Gustavo Lima, foi publicada originalmente no site da Plataforma Ensino Superior: www.revistaensinosuperior.com.br

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Redação Ensino Superior


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