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João Jonas Veiga Sobral

É professor de Língua Portuguesa e orientador educacional

Publicado em 29/10/2019

Na orientação educacional

Na orientação educacional o assunto é duas provas que o aluno discorda do resultado. Leia a coluna de João Jonas Veiga Sobral

Um aluno incomodado com as correções de provas de dois professores pede auxílio ao orientador educacional:

– Por favor, gostaria de falar sobre duas correções de provas das quais discordo. Posso?

– Entre, sente-se, por favor. Você já conversou com os professores a respeito dos seus incômodos?

– Conversei sim. Ambos disseram que eu me equivoquei na elaboração das respostas e que não poderiam avaliar como certas as respostas. Eu creio que eles estejam “ pegando no pé” desnecessariamente. Sinto-me perseguido.

– Como chegou a essa conclusão?

– Porque as respostas não estavam completamente erradas e foram dadas como erradas. Parece até que eles combinaram.


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– Entendi. Vamos analisar a situação para entender se sua conclusão sobre a disposição dos professores faz algum sentido. Mas antes, responda-me, o que espera de mim?

– Quero que converse com os professores para que eles reavaliem as minhas respostas.

– Faremos o seguinte: observaremos suas respostas e, depois, orientarei você a voltar a conversar com os professores. Falarei com eles também sobre suas impressões para que sejam esclarecidas essas percepções que tem sobre a forma como eles o veem, Tudo bem?

– Tudo.

– Quais foram as respostas que apresentaram problemas semelhantes?

– Eu respondi em uma questão de Literatura que Machado de Assis, em Dom Casmurro, era mais realista e José de Alencar,em Iracema, era mais romântico.

– Entendi. E o professor deve ter comentado que você não poderia dizer isso porque estaria afirmando que José de Alencar em Iracema era,de alguma forma, realista e que Machado de Assis,em Dom Casmurro, era um pouco romântico, não é?

– Isso mesmo! O professor já veio aqui contar o que houve?

– Não, ele não veio. Concluí lendo sua resposta.

– Como assim? Eu disse que Machado de Assis era realista e José de Alencar era romântico.

– Talvez, se escrevesse, exatamente assim, como acabou de dizer, o professor provavelmente teria avaliado de outra forma.

– Como assim?

– Por que você acrescentou um “mais” em cada resposta que elaborou? Por que disse “mais realista” e “mais romântico”? Quis dizer que um é mais realista e mais romântico do que o outro? E explicou essas distinções?

– Não, não fiz isso.

– Se eu disser que você deve estudar mais, estou afirmando que você não estuda?

– Não, está dizendo que estudo pouco.

– Ou insuficiente, não?

– Sim.

– Qual a diferença entre um escritor romântico e um mais romântico?

– No mais romântico há características mais acentua­das do Romantismo

– Como no Ultrarromantismo?

– Ah, sim. Saquei.

– Qual o problema da outra correção?

– Nada, não. Já entendi o que respondi na prova de Geografia sobre os tipos de vegetações.

– Perfeito. Espero que você esteja melhor e que entenda que os professores estão lhe ajudando a ser mais preciso em suas respostas. Sugiro que converse com eles. São os especialistas e vão explicar melhor a você essas questões e tirarão as dúvidas sobre as impressões que têm.

– Vou falar sim.

– Procure não pensar o pior sempre, alivia a ansiedade. Às vezes, calma e delicadeza nesta vida ajudam mais e muito.

– Obrigado.

*João Jonas Veiga Sobral é professor de Língua Portuguesa e orientador educacional

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