NOTÍCIA
Obra dramática é um conto de fadas contemporâneo que envolve política e religião
Filmes produzidos na África raramente chegam ao Brasil. Os poucos que romperam o cerco nas últimas décadas vieram majoritariamente da região norte do continente (Marrocos, Argélia) e da África do Sul. Pois atenção: é da Zâmbia, um ilustre desconhecido, país do centro-sul africano – vizinho de Angola e de Moçambique – com mais de 18 milhões de habitantes e cerca de 70 etnias, que nos chega uma das grandes surpresas deste ano, o drama Eu não sou uma bruxa, em cartaz nos cinemas e em breve disponível nos serviços de streaming.
Sua peculiaridade, para o público brasileiro, vai muito além da mera circunstância geográfica. Ao narrar com realismo social uma espécie de conto de fadas contemporâneo, essa abordagem insólita da infância proporciona ao espectador a enriquecedora oportunidade de travar contato com uma cultura muito distante e, ao mesmo tempo, de reconhecer nela perturbadores elementos de aproximação com a nossa. Aliás, o foco, em matéria-prima muito local, conduz a algo de interesse universal.
Uma menina de oito anos (Maggie Mulubwa) é acusada pela comunidade de ser bruxa e enviada a um retiro onde vivem outras mulheres que um dia também foram “diagnosticadas” da mesma forma.
Cabe a uma duvidosa autoridade local (Henry B.J. Phiri), misto de burocrata governamental e líder religioso, ser o seu guardião – em outras palavras, dono. Religião, política e negócios convergem nesse longa de estreia da diretora e roteirista Rungano Nyoni, que nasceu na Zâmbia e vive na Inglaterra.
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