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Edição 252

Só 3,3% dos jovens brasileiros querem ser professor

Levantamento foi feito com 23 mil alunos de 15 a 16 anos. Vontade de seguir carreira docente é maior em alunos de escola pública

Publicado em 22/09/2018

por Marina Kuzuyabu

alunos Qual profissão você espera ter aos 30 anos foi uma das perguntas inclusas na pesquisa

jovens não querem ser professores

Qual profissão você espera ter aos 30 anos foi uma das perguntas inclusas na pesquisa (foto: Shutterstock)

Além de testar os alunos nas áreas de matemática, leitura e ciências, o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) também aplica um questionário para conhecer melhor os estudantes de cada país. “Qual profissão você espera ter aos 30 anos de idade?” foi uma das perguntas presentes no questionário de 2015 e cujas respostas foram analisadas para levantar o perfil dos jovens que desejam ser professores no Brasil.
Realizado pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), o estudo partiu de uma amostra de 23.141 alunos de 15 a 16 anos espalhados por todos os estados. Desse total, apenas 3,3% (755 alunos, calculados com peso amostral) apontaram a intenção de lecionar.  Uma minoria (24 jovens) vem de escola particular. O restante ou é de escola pública ou deixou o campo de respostas em branco.
alunos que esperam ser professores
Além de confirmar o baixo interesse pela carreira, o estudo mostra que a profissão também atrai alunos com desempenho inferior à média nacional no Pisa, que já é considerada problemática – o país aparece entre os últimos colocados em todas as áreas analisadas. Do total de 755 alunos, 634 estão abaixo do nível 2 em matemática, 494 abaixo do nível 2 em leitura e 546 abaixo do nível 2 em ciências. Este é o nível mais básico de proficiência na classificação da organização que realiza o exame, a OCDE.
Já nos países mais bem avaliados em 2015, os futuros professores se destacam com resultados acima da média. São os casos do Japão, Estônia, Taiwan, Finlândia e China (Macau). E com exceção da Estônia e de Taiwan, os países têm, proporcionalmente, mais jovens com vontade de dar aulas que o Brasil. No Japão, por exemplo, o índice é de 7,1%, na Finlândia, de 5% e, em Macau, de 9,4%.
Os percentuais mais altos, contudo, foram registrados na Argélia (21,7%), Kosovo (18,3%), Turquia (15,9%), Vietnã (14%), Coreia do Sul (13,8%) e Irlanda (12,6%). Destes citados, quase todos sofrem com o mesmo problema brasileiro, ou seja, notas a baixo da média entre os que querem virar professores (ainda que a variação não seja tão grande como aqui). A exceção fica com a Coreia do Sul.
De maneira geral, os resultados do estudo do Iede refletem a desvalorização da carreira, prejudicada pelo baixo salário e pela precariedade das condições de trabalho. Há anos nessa condição, a imagem da profissão foi afetada negativamente, bem como seu prestígio, tornando-a atrativa quase que exclusivamente aos jovens com baixas perspectivas em relação ao futuro profissional. Como a entrada na profissão não é considerada difícil, ela seria um meio de ascensão mais fácil, como relataram outras pesquisas do gênero.
professores e mundo
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Autor

Marina Kuzuyabu


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