Encontro do PEA-Unesco deste ano aconteceu em Foz do Iguaçu (Crédito: Divulgação)
Desde a sua criação, com o Tratado de Assunção, de março de 1991, o Mercosul tem sido mais um projeto sempre postergado do que uma associação efetiva entre os países do Cone Sul (Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, além de Chile e Bolívia, associados mais tarde). O mercado comum se resume à circulação privilegiada de alguns itens.
Também no plano da cooperação cultural e educacional, os olhares parecem se voltar mais a outras nações do que aos vizinhos próximos. A realização em Foz do Iguaçu do evento anual do PEA-Unesco (o Programa de Escolas Associadas da Unesco) brasileiro ajudou, pela proximidade geográfica, a reunir representantes dos quatro países fundadores.
Pela facilidade da língua, Argentina, Uruguai e Paraguai parecem ser mais próximos, mas não tanto. O PEA uruguaio, por exemplo, que conta com 150 escolas associadas, começou “lentamente”, como diz Carmen Orguet, coordenadora de programas da Comissão Unesco do Ministério da Educação local, a estimular os projetos de “hermanamientos de escuelas”, ou irmandades, das escolas locais com as de outros países. Até agora, foram cinco, nenhuma com outra instituição sul-americana.
Francisca Gaete, coordenadora da rede no Paraguai (65 escolas), conta que realizou no ano passado o primeiro encontro internacional Patrimônio Jovem, na cidade de Encarnación, no Estado de Itapúa, local das missões jesuíticas no país. Houve representantes de Argentina e Uruguai. “Esperamos representantes do Brasil no evento de 2018”, diz ela.
María Florencia Dive, coordenadora da comissão nacional dos programas Unesco do Ministério da Educação argentino, diz que os quatro países estão estudando fazer a irmandade de escolas entre os países do Cone Sul, provavelmente para realizar trabalhos sobre patrimônio, cultural ou natural. Na Argentina, o PEA é o mais antigo programa da Unesco, ativo desde 1957. Conta, hoje, com 120 escolas, 70% públicas. “Temos escolas de todas as modalidades, rurais, de arte, albergue, privadas. Somos um retrato do que são as escolas argentinas”, resume.
O tema do patrimônio, diz María Florencia, é um ótimo mote para o trabalho com os jovens. “A escola é o melhor lugar para trabalhar a ideia de patrimônio. Fazemos uma escuta sobre o que os jovens acham que é patrimônio, como eles veem isso. Eles vivem com esse patrimônio todos os dias e o diálogo com o outro pode ajudar a revalorizar o patrimônio e a eles próprios”, diz.
Para a empreitada conjunta, Carmen Orguet, do Uruguai, diz que há a ideia de trabalhar com um elemento comum do patrimônio imaterial da região do Pampa: a erva-mate. “Talvez uma forma de começar seja realizar um concurso fotográfico em todos os países. Os premiados poderiam fazer a rota da erva-mate, percorrendo a região”, revela. A ideia é que esse projeto tenha início em 2018.