Alexandre Sayad falou sobre prototipagem em palestra no 3º Grande Encontro da Educação, em São Paulo (Crédito: Gustavo Morita)
Entre as alternativas para que a escola mude e se adapte aos novos tempos, a prototipagem aparece como um caminho possível. Permitir que o aluno realize projetos ajuda no processo de aprendizagem e valoriza o erro – algo que, culturalmente, não é visto de forma tão positiva na educação. Em palestra realizada no 3º Grande Encontro da Educação, o jornalista e educador Alexandre Sayad, que possui especialização em inovação pela University of Califórnia – Berkeley, defendeu que escolas deem espaço a esse movimento, alinhado com a cultura maker, que valoriza a “mão na massa”.
“Algumas escolas trabalham a prototipagem no currículo, outras no after school [depois da aula], como uma pincelada”, disse, ao expor as diferentes possibilidades para aderir à prototipagem. Segundo Sayad, ao aderir a esse movimento, a criação de produtos por parte dos alunos deve ser incentivada. Nas ciências duras, isso pode ser feito por meio da robótica. Já nas ciências humanas, produtos de comunicação – como um jornal, por exemplo – são uma possibilidade.
O erro, no caso, funciona como um índice de que o aluno percorreu um caminho de raciocínio e experimentação. Ao errar, colocou em prática o que pensou. E, ao constatar no que errou, incorpora essa parte do processo para a reelaboração de um conceito.
Para Maria José Gambine, diretora do Colégio Júlio Mesquita, a prototipagem ainda tem pouco espaço na educação, que permanece muito tradicional. “Nós trabalhamos com projetos, mas não de forma tão ativa”, avalia. Anaqueila Barros, orientadora educacional do ensino médio no Colégio Mackenzie, acredita que “colocar a mão na massa” pode ser muito positivo. “O ensino médio é mais direcionado para preparação para Enem e vestibular, em que o aluno senta e ouve. Tudo que é inovação e que motiva o jovem é muito interessante”, observa.
Outro ponto destacado por Sayad durante a palestra foi a necessidade de adaptar as formas de certificação quando se investe na criação de projetos. Boletins tradicionais podem dar lugar a certificados que identificam as habilidades e competências do aluno (um exemplo seria “jovem cientista”: após percorrer certo percurso formativo, o aluno ‘ganha’ o título).
Para Anaqueila Barros, do Colégio Mackenzie, substituir notas de provas – que nem sempre refletem a capacidade do aluno – é uma alternativa interessante. “Nessa construção, é possível observar como o aluno está desenvolvendo as habilidades e competências durante o processo.”
Autor
Redação revista Educação