Jornalistas debatem a cobertura educacional durante o evento Bett Educar (Crédito: Gustavo Morita)
Como identificar os agentes e processos que levam à construção de políticas públicas na área da educação e os aspectos que concorrem para qualificar a cobertura da imprensa voltada ao setor. Esses foram os principais tópicos abordados no debate “Uma avaliação do cenário da educação no país e a contribuição da mídia especializada para o avanço das políticas públicas”, que reuniu, durante a Bett Educar 2017, os jornalistas Marta Avancini, editora pública da Associação dos Jornalistas de Educação (Jeduca), e Rubem Barros, editor da revista
Educação, sob a mediação de Francisco Cordão, consultor e ex-membro dos conselhos estadual e nacional de Educação.
Em sua fala, Barros expôs o que julga ser um caminho para que os jornalistas que cobrem educação façam um mapeamento do campo, de modo a entender as forças que nele atuam, suas motivações, estratégias e objetivos. Dessa forma, o jornalista pode distinguir diferentes formas de olhar para temas em que, aparentemente, há confluência de visão.
“Na questão do financiamento, por exemplo, há quem se fixe na questão da boa gestão, como forma de maximizar os recursos. Em contrapartida, há quem preste mais atenção ao custo mínimo por aluno como forma de chegar a melhores resultados”, diz.
O editor de
Educação também salientou o cuidado ao lidar com indicadores numéricos, pois às vezes mudanças de curto prazo não correspondem a ações alardeadas por gestores públicos, em função do longo tempo de maturação das transformações no âmbito pedagógico.
Já Marta Avancini começou mostrando um panorama da presença do tema educação na imprensa nas últimas décadas. Em primeiro lugar, a visão hoje consensual de que a educação tem papel estratégico; depois, falou do papel dos meios de comunicação como instrumento garantidor dos direitos constitucionais, em especial o direito à educação.
A jornalista lembrou que, historicamente, a atuação da mídia contribui em quatro aspectos essenciais para o desenvolvimento das políticas públicas: as capacidades de agendamento, enquadramento, construção da informação e controle social.
No caso da cobertura de educação, no entanto, Marta salientou que, via de regra, os jornalistas não têm formação específica para cobrir o tema, além de não contarem com editorias próprias em seus veículos, o que faz com que em grande medida sejam eles próprios a pautar e a promover “sua formação” na área.
Nesse contexto, para auxiliá-los a criar referências e parâmetros de atuação, a Jeduca entrou em cena em 2016, estando hoje com cerca de 500 associados. Em seus primeiros seis meses de atuação, no ano passado, a jornalista atendeu 133 colegas que requisitavam informações para suas matérias.
Sobre os principais desafios, disse: “Precisamos aprofundar a compreensão sobre as especificidades e tecnicalidades da educação, além de ampliar e diversificar o universo de fontes de informação”. Citou, ainda, a abertura para outros temas e pontos de vistas.
Autor
Redação revista Educação