Marjo Kyllonen, secretária de educação de Helsinque | Foto: Gustavo Morita
Ao lado de países asiáticos como China, Coreia do Sul e Japão, a Finlândia é um dos países com melhor desempenho no Pisa, avaliação da OCDE para estudantes de 15 anos feita em nível mundial. Ao contrário das nações asiáticas, em que os sistemas educacionais são competitivos e as crianças sofrem grande pressão por desempenho desde pequenas, a Finlândia aposta em um modelo holístico, em que a brincadeira e a colaboração tem papel importante no aprendizado.
Marjo Kyllonen, secretária de educação de Helsinque, capital finlandesa, veio ao Brasil para a feira Bett Educar 2017 e falou sobre o projeto educacional de seu país. O sistema educacional finlandês atual é fruto de transformações concebidas no final dos anos 60 e introduzidas a partir da década de 70. Nessa época, o sistema então vigente, caracterizado por escola primária universal, escola secundária paga e universidade voltada a um público seleto com condições de pagá-la, teve sua lógica alterada.
“Começamos a pensar que estávamos perdendo talentos”, lembra Kyllonen. Naquele momento, a Finlândia decidiu optar por um sistema de ensino que permitisse ao país colher o máximo potencial de todos. Houve receio, no início. Achavam que as crianças de famílias problemáticas trariam seus problemas para sala de aula, prejudicando as outras. Como mostra a economia do país nórdico de hoje, não foi o caso.
Modernização
O sistema finlandês está novamente se modificando, baseando-se atualmente no conceito de “Phenomenal education” – algo como “aprendizado baseado em fenômenos da vida real”, em associação com elementos concretos do mundo, mais palpáveis para os alunos . A abordagem foca no aprendizado significativo e na compreensão desses fenômenos como um todo, e não de forma fragmentária para adequá-los às disciplinas tradicionais. A proposta visa preparar os alunos para o mundo contemporâneo, em que os cidadãos precisam usar as linguagens das diferentes ciências para resolver problemas.
“Chegamos à conclusão de que precisamos refazer nossa narrativa para a educação”, afirma Kyllonen. A espinha dorsal do projeto pode ser resumida em:
1 – foco na aprendizagem significativa e compreensão holística;
2- aprendizado ancorado em fenômenos da vida cotidiana;
3- promover o papel ativo do aluno em seu próprio aprendizado;
4- reforçar laços sociais e a colaboração
“A escola é o melhor lugar para aprender a colaboração”, defende a secretária Marjo. Assim, todo o aprendizado é centrado na solução de problemas .
No Brasil, ainda há bastante resistência em deslocar do professor para o aluno o foco do aprendizado. Faltam recursos também. A proposta finlandesa tende a funcionar melhor em turmas pequenas, em que o professor tenha mais tempo para elaborar projetos.
Autor
Redação revista Educação