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Arte e Cultura

Jornalista reconta a história ao lembrar de sua infância

Família de Bernardo Kucinski veio ao Brasil fugindo da Segunda Guerra Mundial

Publicado em 14/12/2016

por Redação revista Educação

imigrante Divulgação

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Imigrantes e mascates, de B. Kucinski, com ilustrações de maria Eugênia. Companhia das Letrinhas, 80 páginas, R$ 44,90. | Divulgação

Os últimos tempos têm sido pródigos em histórias contadas em primeira pessoa, sejam ficcionais ou documentais, escritas ou audiovisuais. Muitas delas, entretanto, se perdem, em função de mergulhos excessivamente individuais, sem vínculos maiores entre história pessoal e a dita grande história, feita de narrativas que contam ao menos parte da saga de um ou vários povos.
Seguramente, esse desvio de foco pequeno não está presente em Imigrantes e mascates, novo volume da coleção Memória e história, de B. Kucinski, assinatura literária do jornalista e professor aposentado Bernardo Kucinski.
Mesclando as ilustrações em tom pastel de Maria Eugênia com fotografias de sua família desde antes que viessem da Polônia ao Brasil, Kucinski consegue mostrar, por meio de sua história pessoal, o horror do Holocausto e a história de muitos outros imigrantes judeus e não judeus por ocasião da Segunda Guerra Mundial. Além disso, reconstrói um pouco da memória da São Paulo que se fazia metrópole no final dos anos 30 e nas décadas seguintes, cujos pequenos bairros periféricos como a Água Fria, na zona norte, onde o autor cresceu, foram perdendo seu ar campestre para dar lugar a pequenas vilas e edificações cada vez maiores.
As histórias que perpassam a narrativa vão além desses aspectos. Falam da chegada dos alemães à Polônia, terra dos pais do autor, das omissões das grandes potências ocidentais ante o avanço nazista, das famílias que se desfizeram e da humanidade em frangalhos nos campos de concentração.
Mas, sobretudo, a história de Kucinski parece ser um carinhoso reencontro com a figura paterna, um pai que foi muitas coisas ao longo da vida: sapateiro, mascate, dono de loja, orador, escritor, socialista, sionista. Por meio das andanças de Majer Kucinski, o pai, também vamos descobrindo que enquanto os judeus preferiam mascatear nas grandes cidades, os árabes (sírios, libaneses) percorriam o interior do país. E, como voltavam com mais frequência para visitar seus clientes, puderam criar a venda a crédito, hoje tão nossa conhecida.
O pai também aparece na exposição aos conflitos do judaísmo: apesar do forte vínculo com as origens, seu olhar em relação ao mundo ligava-se a uma visão de tradição iluminista, inaugurada por filósofos como Espinosa e Leibniz (ambos judeus, por sinal), e não à religião.
A cidade e os hábitos de então têm presença garantida nas memórias: do vagaroso trenzinho da Cantareira à dieta que as mães de então forçavam os filhos a consumir (bife de fígado, gemada, óleo de rícino e de fígado de bacalhau!), passando pelas constantes visitas de Kucinski à Biblioteca Monteiro Lobato. A mesma biblioteca que talvez seja das poucas coisas ainda remanescentes na cidade. Afinal, como diz o autor, “os territórios de minha infância só existem agora na minha memória”.


livro-2O decreto da alegria, de Rubem Alves, ilustrações de Veridiana Scarpelli (FTD), 40 páginas, R$ 37. Os contrários e contrastantes nos ajudam a entender os dois lados da moeda e as coisas que se completam. É assim com a vida e morte, medo e coragem. O educador Rubem Alves cria, neste volume, uma fábula em que um decreto abole a tristeza. Sem ela, uma menina resolve sair atrás de suas mágoas.
 
livro-3Brinquedos do chão – A natureza, o imaginário e o brincar, de Gandhy Piorski (Editora Peirópolis), 156 páginas, R$ 42. Primeiro de uma série de quatro livros que relaciona as formas do brincar aos quatro elementos (água, terra, fogo e ar). Associando terra e chão, o pesquisador da infância Piorski busca brinquedos e narrativas em que a criança estabelece sua relação com o real, descobre o que é estar no mundo.
 
livro1Sertão, de Fábio Monteiro, ilustrações de Maurício Negro (Paulinas Editora), 40 páginas, R$ 39,90. Se não pode viajar, se está preso à terra, o menino Tonho tem quem o faça por ele: o pássaro seu amigo bate asas para lugares distantes e diferentes e conta como é o mundo longe do sertão. A ilustração da fábula remete a gravuras da tradição artística do Nordeste, porém com cores bem vivas.

Autor

Redação revista Educação


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