NOTÍCIA
Pacto formaliza compromisso das instituições de educação com a saúde dos alunos
Publicado em 19/09/2016
Uma expectativa comum em parte do país é de que o número de mosquitos Aedes aegypti em circulação volte a aumentar com a chegada da primavera e de temperaturas mais altas. É consenso entre especialistas, contudo, que a manutenção das ações de prevenção no outono/inverno foi muito importante. A redução da temperatura deixa mais lento o desenvolvimento das larvas do inseto, mas não interrompe o ciclo de reprodução. Afinal, os ovos do mosquito são capazes de ficar dormentes por cerca de um ano.
No Estado de São Paulo, a prefeitura de São José do Rio Preto anuncia as atividades realizadas pelas escolas em informes publicitários publicados em um portal de notícias. A Escola Municipal Roberto Jorge promoveu uma gincana para arrecadar latinhas vazias e pneus, objetos que podem acumular água quando armazenados em quintais. A prefeitura também divulga o número de telefone do setor de Educação do Departamento de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde para escolas do município que queiram orientações sobre trabalhos educativos.
Rita Maria de Oliveira é professora de uma das turmas de quinto ano de outra instituição do município, a Escola Municipal Olga Mallouk Lopes. Um dos trabalhos realizados pelos alunos de Rita está disponível no YouTube (http://bit.ly/rapcontraoaedes): um rap, apresentado aos outros estudantes e aos familiares, com algumas das principais recomendações para combater a proliferação do Aedes aegypti.
Rita conta que o trabalho com a turma começou com notícias e imagens publicadas nos jornais e discussões sobre o que os alunos viam na TV sobre o Zika e as demais doenças transmitidas pelo mosquito. “Em seguida, continuamos a trabalhar com textos e infográficos que mostravam os sintomas das doenças e o ciclo de reprodução do mosquito.” A professora também trabalhou com seus alunos uma peça de teatro que ela encontrou na internet. O título: O Mosquitão – que, na versão dos alunos de São José do Rio Preto, tornou-se A Mosquitona. “Os alunos decidiram mudar o nome quando descobriram que é a fêmea do mosquito que pica e transmite as doenças.”
Os alunos também confeccionaram cartazes informativos que foram distribuídos em comércios da região. “A criança é uma multiplicadora. Todas as turmas da escola têm algum projeto”, conta Rita. “A proposta inicial partiu da prefeitura, mas cada instituição adaptou da maneira como achou melhor. Para existir engajamento dos alunos, o ideal é deixar que eles pensem que tipo de atividade querem fazer. Devemos propor, e não impor.” Segundo a professora, toda essa discussão deixou os alunos mais atentos também à questão do lixo: não acumular em casa e não descartar em ruas e calçadas.
Em meio à gravidade das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, ainda é possível tirar um resultado positivo da situação: o trabalho em torno da prevenção pode ajudar a mudar hábitos ruins – como no caso do lixo – e combater a desinformação. A abordagem do Zika em sala de aula, por exemplo, pode ser um gancho para falar sobre como identificar fontes confiáveis de informação e filtrar o que chega até nós por meio das redes sociais.
A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) publicou um conjunto de videoaulas, voltado a professores, sobre o vírus Zika. Um dos episódios aborda justamente os boatos difundidos on-line sobre a doença – entre eles, o de que a real causa da microcefalia seria uma vacina dada às grávidas. São boatos que apelam para o medo e que são facilmente derrubados ao se procurar informações confiáveis. Como afirma o professor Atila Iamarino na videoaula da Univesp, é preciso dar aos alunos ferramentas para julgar esses e os próximos boatos que aparecerem.
Veja onde encontrar materiais e informações sobre o vírus Zika e o combate ao Aedes Aegypti:
http://combateaedes.saude.gov.br/
Portal do Ministério da Saúde sobre Dengue, Chikungunya e Zika. Apresenta os sintomas e os tratamentos de cada doença, informações sobre ações de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti e últimas notícias.
http://bit.ly/cartilha_zika
Cartilha em formato pdf, também publicada pelo Ministério da Saúde, com informações sobre o vírus Zika para o público em geral. Inclui detalhes sobre os cuidados com gestantes, recém-nascidos e bebês com microcefalia.
http://bit.ly/curso_zika_univesp
Curso produzido pela Univesp TV sobre como abordar o vírus Zika na escola. São cinco videoaulas, com cerca de dez minutos cada, voltadas a professores.
http://bit.ly/boatos_zika
Material produzido pelos alunos do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP) voltado a professores. Traz material de apoio e propostas de atividades voltados ao esclarecimento sobre o Zika e à desconstrução de boatos sobre a doença.
http://bit.ly/drauzio_zika
Playlist de vídeos sobre o vírus Zika publicados no canal do médico Drauzio Varella no YouTube. Traz vídeos explicativos, bate-papos e respostas a perguntas enviadas por internautas.
Outro motivo de forte preocupação para os sistemas de educação e saúde brasileiros tem sido a Chikungunya, doença provocada pelo mesmo mosquito da Zika, o Aedes aegypti, e por um segundo inseto, o Aedes albopictus. A incidência de mortes em decorrência da ação da doença foi maior do que a da Zika no primeiro semestre deste ano, em especial no Nordeste. Como a dengue, a Chikungunya é de difícil diagnóstico. Há suspeitas quando a pessoa registra febre súbita maior do que 38 graus e tem dores articulares mais intensas e persistentes do que as provocadas pela dengue. O período de incubação varia de 2 a 10 dias.
O que é o Zika?
É um vírus transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Segundo o Ministério da Saúde, foi identificado no Brasil em abril de 2015. Foi detectado pela primeira vez em 1947, em macacos na floresta Zika, em Uganda. A primeira forte epidemia ocorreu em 2007 na Micronésia, um grupo de ilhas no Oceano Pacífico. Um estudo publicado na revista Science levanta a hipótese de o vírus ter chegado ao Brasil em meados de 2013, durante a Copa das Confederações, por meio de viajantes que vieram da Polinésia Francesa.
Quais são os sintomas?
De acordo com o portal do Ministério da Saúde, cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas. Quando ocorrem, os principais sintomas costumam ser febre baixa, dor de cabeça, dores nas articulações, coceira, manchas vermelhas na pele e vermelhidão nos olhos. Os sintomas normalmente desaparecem de forma espontânea após um período de 3 a 7 dias.
Qual o tratamento?
Para os casos sintomáticos, uso de paracetamol ou dipirona para controle da febre e da dor. Não é recomendado o uso de ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios por aumentarem o risco de eventuais complicações hemorrágicas. Vale lembrar que a automedicação é perigosa: apenas um médico pode informar o tratamento adequado para cada caso.
Por que o Zika preocupa?
Porque há fortes indícios – a Organização Mundial da Sáude (OMS) fala em “forte consenso” entre a comunidade científica – de que há relação entre a contaminação de gestantes pelo vírus Zika e a microcefalia em bebês. Cientistas também relacionam o vírus a casos da síndrome Guillain-Barré, uma doença inflamatória do sistema nervoso que causa fraqueza muscular progressiva, perda de movimentos e paralisia. Além disso, ainda há perguntas sem resposta sobre a dinâmica de transmissão do vírus. A velocidade inicial de disseminação, por exemplo, foi muito mais rápida no caso do Zika do que no da dengue e da Chikungunya – doenças que também podem ser transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
Como se prevenir?
A principal medida é o combate constante aos criadouros do mosquito Aedes aegypti. Entre os locais propícios a se tornarem foco de larvas do inseto estão reservatórios de água destampados, pneus, garrafas, sujeira que acumule água, ralos, canaletas, pratos de vasos de plantas, bandejas de ar-condicionado e geladeiras, baldes e lonas. Também são recomendados o uso de repelentes e a instalação de telas em janelas e portas.