NOTÍCIA
Equipamentos não são vistos como objetos de aprendizagem entre os alunos, apesar da disseminação dessa ideia
Como os jovens de escolas da periferia constroem sua experiência escolar em um contexto marcado pela disseminação maciça de aparelhos tecnológicos? Essa foi a pergunta que norteou a pesquisa etnográfica conduzida pelo especialista André Toreli Salatino, da Feusp. O projeto envolveu um trabalho de campo prolongado em uma escola da periferia de São Paulo e se baseou na observação de dezenas de estudantes e de práticas juvenis fundadas na utilização do aparelho celular, que segundo Salantino observou, ocupa um lugar central nas relações. Uma de suas conclusões foi a de que os equipamentos não são vistos como objetos de aprendizagem entre os alunos, apesar da disseminação desse uso pelas empresas de tecnologia e por diversas instituições de ensino. Longe disso, os aparelhos são manuseados livremente, sem a intervenção dos professores, e criam redes de relações paralelas às vivenciadas presencialmente. Nesses momentos, os alunos se “ausentam” da sala de aula, direcionando sua criatividade, tempo e energia para o mundo virtual, pontuou o estudioso. A pesquisa aponta para a necessidade de os educadores repensarem a liberação desses aparelhos nas escolas e para a importância da criação de situações de aprendizagem envolvendo os equipamentos, já que essas situações não serão criadas espontaneamente, como frisou.