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Convite à dançaDurante muitos anos, o cineasta alemão Wim Wenders alimentou um projeto de documentário sobre uma artista que admirava, a também alemã Pina Bausch. Dançarina e coreógrafa, ela era uma referência internacional em sua área de atuação, mas resistia à ideia de ver seu […]

Publicado em 09/11/2012

por Sérgio Rizzo

Convite à dança
Durante muitos anos, o cineasta alemão Wim Wenders alimentou um projeto de documentário sobre uma artista que admirava, a também alemã Pina Bausch. Dançarina e coreógrafa, ela era uma referência internacional em sua área de atuação, mas resistia à ideia de ver seu cotidiano registrado em um filme. Finalmente, em 2009, Wenders a convenceu a aceitar o projeto. Mas, pouco depois de iniciadas as filmagens e sem que o diretor soubesse da gravidade de seu estado de saúde, ela morreu, vítima de um câncer avassalador.

A notícia repentina deprimiu Wenders, bem como a todos os integrantes da companhia da coreógrafa, a Tanztheater Wuppertal Pina Bausch. A dor, no entanto, levou ao desejo coletivo de homenageá-la. Foi assim que ressurgiu, como uma obra realizada por muitas mãos, o documentário Pina (Alemanha/França/Inglaterra, 2011, 103 min). Wenders assina a produção, o roteiro e a direção, mas o ponto de vista é o de dezenas de amigos e colaboradores com quem Bausch trabalhava e convivia. Todos falam em suas próprias línguas, inclusive o português, em um afetuoso coral de lembranças compartilhadas com o público.
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O ponto forte, no entanto, corresponde aos números musicais (que incluem uma coreografia minimalista para O leãozinho, de Caetano Veloso). O uso de locações – principalmente nas ruas de Wuppertal, sede da companhia – cria uma conexão entre dança e cotidiano, ou entre dança e vida, que está em plena sintonia com os princípios do trabalho de Bausch. Um de seus lemas é utilizado como motivo recorrente do documentário: “Dance, dance – senão, estamos perdidos”. Wenders foi feliz ao traduzi-lo em forma de cinema, dando uma atmosfera quase hipnótica – e encantadora – a um documentário golpeado por circunstâncias tão dolorosas.

Ensinar a ver, ouvir e entender

Responsável pelo Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, a Associação Cultural Kinoforum celebrou os 10 anos de suas oficinas de realização audiovisual com o lançamento do livro Vi vendo… , que traz um DVD com vídeos feitos pelos participantes do projeto – cerca de 1,3 mil jovens de regiões periféricas de São Paulo, distribuídos por mais de 60 turmas. Para o atual coordenador das oficinas, o produtor Jorge Guedes, essa metodologia de ensino do audiovisual pode ser aplicada na educação formal.

Hoje, a equipe das oficinas é formada em sua maioria por ex-alunos. Como ocorreu essa incorporação?
Há dez anos, os professores eram profissionais do mercado e formados em audiovisual por alguma faculdade. Com o tempo, alguns alunos que se destacaram nas primeiras oficinas foram convidados para acompanhar as gravações. Pouco a pouco, eles ocuparam as funções de monitorar os alunos e colaborar com as equipes. Demos a eles o nome de monitores de gravação. Atualmente, os próprios ex-alunos editam os curtas. O coordenador e o professor estão presentes nas aulas teóricas, na elaboração dos roteiros, nas gravações e na edição, mas cada grupo tem a referência de um monitor que está 100% ao seu lado, o que nos garante que os vídeos estão sendo produzidos e que o aprendizado prossegue a cada minuto.

Quais as diferenças entre as turmas de hoje e as de dez anos atrás?
As turmas atualmente estão mais antenadas, e às vezes até capacitadas para o audiovisual. A grande maioria dos interessados são estudantes de faculdades particulares, que proliferaram. A maioria ainda não satisfaz boa parte dos alunos, que buscam complementar seus conhecimentos em nossas oficinas. Além disso, há dez anos o acesso à internet e ao audiovisual era quase inexistente nas favelas e nos bairros pobres. Hoje, muitos fazem vídeos e os postam no YouTube. Mesmo nos guetos e vielas, mesmo na periferia…

A metodologia das oficinas poderia ser aplicada ao ensino formal?
Acredito que sim. Seria muito interessante para a elaboração intelectual e o desenvolvimento dos potenciais artísticos dos alunos. Além disso, acredito que a alfabetização audiovisual é primordial hoje. O cinema, a televisão e a internet bombardeiam as pessoas com informações, imagens e trucagens eletrônicas, fazendo passar por verdade a manipulação de fatos e versões. Portanto, se saber ler é fundamental para o discernimento e a proteção do próprio cidadão, bem como para seu crescimento intelectual, saber ver, ouvir e entender o que está por trás de qualquer edição é de suma importância hoje.

Agora em DVD

TRABALHAR CANSA
Casal tenta ganhar a vida com um pequeno mercado de bairro em São Paulo, mas surgem dificuldades inesperadas.
(Brasil, 2011, 99 min)

REIDY: A CONSTRUÇÃO DA UTOPIA
Documentário sobre o arquiteto Affonso Eduardo Reidy (1909-1964), cuja obra interferiu no RJ.
(Brasil, 2010, 77 min)

O PRÍNCIPE DO DESERTO
No início do século 20, dois reis árabes disputam o território hoje pertencente à Arábia Saudita.
(França/Itália/Catar/Tunísia, 2011, 130 min)

O BURACO DA AGULHA
Suspense de espionagem em torno do plano de desembarque aliado na Normandia, durante a II Guerra Mundial.
(Inglaterra, 1981, 112 min)

BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR
Versão épica, em filme de ação com batalhas, do confronto entre a Rainha Má e sua antagonista, Branca de Neve.
(EUA, 2012, 127 min)

Autor

Sérgio Rizzo


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