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No coração da metrópole

Seja como documentarista ou como realizador de longas de ficção, o diretor e roteirista paulistano Toni Venturi vem se pautando por fazer do cinema um instrumento de releitura de eventos e personagens históricos (O velho – A história de Luiz Carlos Prestes, Cabra-cega, Vocacional, uma […]

Publicado em 26/01/2012

por Sérgio Rizzo

Seja como documentarista ou como realizador de longas de ficção, o diretor e roteirista paulistano Toni Venturi vem se pautando por fazer do cinema um instrumento de releitura de eventos e personagens históricos (O velho – A história de Luiz Carlos Prestes, Cabra-cega, Vocacional, uma aventura humana), e de reflexão sobre o tempo em que vivemos (Latitude zero).

Andre Michiles
Cena do filme “Estamos juntos”, de Toni Venturi

Seu mais recente longa, Estamos juntos (2011, 95 min, R$ 39,90 em DVD e R$ 49,90 em Blu-ray), mantém a fidelidade a esse comprometimento sociopolítico, ao mesmo tempo em que procura envolver o espectador, de acordo com os procedimentos tradicionais da narrativa cinematográfica, por meio de uma história intimista centrada nos dramas de sua personagem principal.

Carmen (Leandra Leal) saiu de uma cidade no interior do Rio de Janeiro para morar em São Paulo, onde faz residência em um hospital público. Uma enfermeira (Debora Duboc) a convida a desenvolver uma ação educativa voluntária em um prédio ocupado pelo movimento dos sem-teto. Um amigo (Cauã Reymond) a acompanha nos momentos de diversão. E um rapaz misterioso (Lee Taylor) parece funcionar como seu confidente.

Enquanto nos aproximamos de Carmen e nos identificamos com ela, notando suas fragilidades e a profunda solidão em que vive na metrópole, vai se construindo uma trama que interliga diversos cenários sociais e que tem como eixo a ideia de solidariedade, ou o conforto e apoio que ela pode nos dar quando agimos como se estivéssemos todos juntos.

FILMOTECA
Juventude em pauta

A médica interpretada por Leandra Leal em Estamos juntos condensa alguns dos dilemas de parcela da população jovem brasileira, principalmente a de quem vive em grandes centros urbanos. Estar cercado de muita gente e estabelecer vínculos por meio de tecnologia ou de encontros efêmeros não significa necessariamente manter laços efetivos (e afetivos) com essas pessoas, sugere o filme.

Divulgação
Os famosos e os duendes da morte, de Esmir Filho

A mesma atriz já protagonizou outro filme especificamente voltado para a distância, no universo jovem, entre vida digital e realidade concreta: Nome próprio (2008), de Murilo Salles, em que interpreta uma blogueira (inspirada em Clarah Averbuck) com dificuldades para manter o equilíbrio emocional, alimentando existências paralelas. Antes, Leandra havia representado outra face do mundo jovem em O homem que copiava (2003), de Jorge Furtado.

Diversos longas-metragens brasileiros recentes também são protagonizados por jovens, tanto no âmbito da classe média (como Apenas o fim, de Matheus Souza, e Os famosos e os duendes da morte, de Esmir Filho) como em situações de pobreza (como Sonhos roubados, de Sandra Werneck, e Cinco vezes favela – Agora por nós mesmos, realizado por jovens de favelas cariocas).

Olhares sobre o documentário
A vitalidade da produção documental brasileira, com centenas de longas e curtas-metragens produzidos por ano, encontra respaldo na volumosa recepção crítica a ela, em festivais, nos meios acadêmicos e na imprensa. Um bom exemplo é a coletânea Ensaios no real – O documentário brasileiro hoje, organizada por Cezar Migliorin (Azougue Editorial, 256 págs., R$ 43,90), que reúne 12 artigos cobrindo diversos aspectos do atual cenário.

“O documentário hoje é o nome de uma liberdade no cinema”, observa Migliorin em seu ensaio, que ressalta a “multiplicidade” da produção documental contemporânea e o fato de ela se estabelecer em um “lugar de indefinição, inapreensível”. Entre os demais artigos, Ismail Xavier examina o diálogo do cineasta Eduardo Coutinho (Moscou, As canções) com a tradição moderna e José Carlos Avellar faz um paralelo entre Juízo, de Maria Augusta Ramos, e Jogo de Cena, também de Coutinho.

Quem estiver disposto a estender suas leituras sobre as tendências contemporâneas da produção, cobrindo também o domínio internacional, pode recorrer a O documentário – Um outro cinema, do francês Guy Gauthier (Papirus, 432 págs., R$ 78,90). O autor reconstitui a trajetória histórica desse modelo de cinema, a partir do que considera a sua “pré-história” (o período 1870-1900) até o século 21, para que os “olhares sobre o presente” tenham como perspectiva os “olhares sobre o passado”.

Autor

Sérgio Rizzo


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