Em passagem pelo Brasil, Malala, a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel, colocou em pauta a desigualdade entre meninos e meninas no acesso à educação, um problema que afeta principalmente os países de baixa renda. No Brasil, os esforços para universalizar o ensino fundamental resolveram uma parte dessa questão. Nas faixas etárias de 5 a 9 anos e 10 a 14 anos, apenas 2% e 1% das meninas estão fora da escola, respectivamente. Mas, na faixa de 15 a 17 anos, esse percentual sobe para 15%, segundo dados de 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo IBGE. Os números são praticamente os mesmos para os meninos.
Desigualdade entre meninos e meninas no acesso à educação é pauta importante no debate educacional. Saiba como está a situação no Brasil (Crédito: Shutterstock)
Essa proporção vem oscilando um ponto para cima ou para baixo desde 2008. Já em 2005, ele estava em 18% e em 1995, em 31%. Apesar da redução de 50% em 20 anos, a estagnação do indicador revela a dificuldade em diminuir ainda mais esse universo de adolescentes que não estão estudando. As pesquisas apontam algumas causas para esse fenômeno, que também afeta os meninos. As mais conhecidas são necessidade de trabalhar e descrença quanto aos benefícios que os anos a mais de escolaridade poderão trazer. No caso das meninas, há um fator a mais: a gravidez precoce. Entre as garotas de 15 a 17 anos com pelo menos um filho, 70% estão fora da escola, como mostramos na edição 241.
E embora no âmbito geral a proporção de meninos e meninas que largaram os estudos seja a mesma, uma análise por estado revela outros quadros. No Mato Grosso, 23% das meninas de 15 a 17 não estudam, contra 18% dos meninos. Em Pernambuco, esses indicadores são de 21% e 18%, e no Rio Grande do Norte, de 20% e 17%.
Um estudo divulgado pelo Banco Mundial com a participação de Malala revelou que se todas as garotas recebessem 12 anos de educação de qualidade, juntas elas poderiam ter um aumento de renda de US$ 15 trilhões para US$ 30 trilhões ao longo da vida. As mulheres que têm apenas o ensino fundamental ganham 14% a 19% a mais do que as que não foram formalmente educadas, enquanto as que têm ensino médio ganham quase o dobro.
Além da prosperidade financeira, os anos a mais na escola também conferem às mulheres vidas mais saudáveis. Elas cuidam melhor de sua saúde e a de seus filhos, têm uma sensação melhor de bem-estar e impedem com mais frequência episódios de violência por parte de um parceiro íntimo. Há também ganhos de capital social – as mulheres bem-educadas tendem a ter comportamentos mais altruísticos – e redução de 75% do risco de maternidade precoce, aponta o relatório.
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