NOTÍCIA
Professor participou de evento promovido pela International School em Atibaia, SP, e destacou formação que promova apetite pelo conhecimento e vincule sabedoria a coisas boas
Em palestra realizada nesta segunda-feira, 15, durante o Best Experience, evento da International School que ocorreu em Atibaia (SP) e reuniu lideranças educacionais, o professor e filósofo Clóvis de Barros Filho falou sobre variados aspectos da vida que precisam ser formados e que se desdobram em diferentes dimensões da educação: a educação para o desejo, que promova o apetite pelo conhecimento; a educação hedonista, para o prazer do espírito; e a educação para a liberdade.
“A educação para o desejo pressupõe desenvolver o apetite pela sabedoria, ou seja, o apetite pelo conhecimento — o que pressupõe, por parte dos educadores, vincular a sabedoria a uma coisa boa, a uma coisa que permite e facilita maior felicidade”, afirmou. Como desejo é Eros, Clóvis destacou que essa seria, portanto, a educação erótica — ou seja, para o desejo elevado, para o desejo “contributivo da vida boa”.
Em relação à educação hedonista, o professor falou do prazer do espírito. “O prazer do espírito, diferentemente do prazer do corpo, exige muita formação, muita educação, muito preparo”, analisou. “Em outras palavras, é muito difícil degustar genuinamente Crime e castigo. É muito difícil degustar genuinamente Dom Casmurro. É muito difícil degustar genuinamente a metafísica de Aristóteles, se você não teve alguma formação.”
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Autoestima e autoconfiança também foi destaque das reflexões de Clóvis de Barros (foto: reprodução Facebook)
Isso coloca, então, um segundo desafio, de acordo com o palestrante: educar para o prazer do espírito. “Como, em grego, a palavra prazer é hedoné, então, defendemos aqui a necessidade de uma educação hedonista. Ou seja, uma educação que prepara para o prazer, que prepara para a moderação dos prazeres do corpo, que prepara para a excelência dos prazeres do espírito. Essa é a educação hedonista.”
Já em relação à liberdade, ele ressaltou que, ao mesmo tempo que é positiva, é também problemática. “Somos obrigados a deliberar, a decidir, a escolher. E temos medo de meter os pés pelas mãos, temos medo do arrependimento, das consequências que advirão da nossa decisão”, afirmou. “Não há liberdade de decisão sem responsabilidade pela decisão.”
Desta forma, sobre a educação para a liberdade, o professor destacou que a formação não é meramente cognitiva — é também emocional, já que está ligada ao medo e exige, portanto, coragem. “A coragem é a virtude de caráter que desenvolvemos para administrar o nosso medo”, afirmou. Embora o medo não desapareça, é possível controlá-lo para que não nos imobilize.
Essa educação está ligada à formação de líderes. “O líder é alguém particularmente virtuoso de coragem que assume a responsabilidade de deliberar não só em nome do seu próprio caminho, mas em nome do caminho de muitos liderados, de muita gente cuja vida estará pautada por aquela escolha. Portanto, o líder precisa estar preparado cognitiva e afetivamente para decidir, para deliberar. E isso pressupõe formação, educação para liberdade, educação emancipadora.”
Por fim, o palestrante destacou ainda dois aspectos sem os quais “a vida não poderá ser boa” e que devem ser incluídos na equação do processo educativo: a autoestima e a autoconfiança.
O evento da International School acontece de 15 a 16 de setembro e conta com palestras e workshops.
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