NOTÍCIA
Estratégias que integram corpo e mente ajudam no desenvolvimento infantil e favorecem a inclusão, segundo neuropedagoga
A psicomotricidade, ciência que estuda a relação entre movimento, cognição e emoção, tem se mostrado fundamental para o desenvolvimento humano. Dados do Center on the Developing Child, da Universidade Harvard, revelam que o cérebro infantil forma até um milhão de conexões por segundo nos primeiros anos de vida.
No Brasil, segundo o Censo Escolar, o número de matrículas de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) mais que dobrou entre 2018 e 2021, passando de 105 mil para 212 mil. O cenário reforça a necessidade de práticas pedagógicas e clínicas que unam corpo e mente.
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Na visão da neuropedagoga Mara Duarte, o Brasil ainda avança na integração da psicomotricidade: “Apesar do aumento nos diagnósticos de autismo e TDAH, a formação docente nem sempre contempla essa prática, criando um descompasso com as necessidades das crianças. O corpo é o primeiro instrumento de aprendizagem, e negligenciar isso compromete etapas essenciais do desenvolvimento”, destaca.
Na prática clínica, a psicomotricidade auxilia no diagnóstico e tratamento de dificuldades de aprendizagem, transtornos motores e condições como autismo e TDAH. “Profissionais utilizam exercícios para estimular coordenação, percepção espacial e equilíbrio. Atividades lúdicas, como rastejar, rolar ou caminhar em linha reta, parecem simples, mas estruturam bases para conquistas mais complexas, como a escrita e a leitura, desenvolver atenção, memória e linguagem do indivíduo”, complementa a especialista que é também gestora da Rhema Neuroeducação.
Foto: Shutterstock
Estudo do IBGE mostra que 18,9 milhões de brasileiros convivem com algum tipo de deficiência, o que inclui parte significativa dos estudantes que enfrentam barreiras adicionais no aprendizado.
“Quando o professor incorpora práticas psicomotoras na rotina da sala de aula, ele amplia o alcance das metodologias e promove inclusão. A alfabetização, por exemplo, exige coordenação olho-mão, que pode ser fortalecida com atividades específicas”, aponta Mara Duarte.
Com o crescimento dos diagnósticos de neurodivergência no país, é preciso que a psicomotricidade seja incorporada de forma transversal nos contextos educacionais e clínicos, avalia a profissional. “A chave está na preparação de professores e familiares. Cada criança tem um ritmo próprio. Quando corpo, mente e emoção caminham juntos, o processo de aprendizagem se torna mais consistente e inclusivo”, finaliza a neuropedagoga.
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