NOTÍCIA

Opinião

Autor

Redação revista Educação

Publicado em 25/04/2025

Papa Francisco, juventudes e a coragem de sonhar com um mundo melhor

Legado do Papa permanecerá presente em cada gesto de escuta, em cada jovem que ousa sonhar e amar ao seu próximo

Por Fausto Augusto Junior*, presidente do Conselho Nacional do Sesi | Papa Francisco nos deixa um legado que atravessa fronteiras, religiões e gerações. Latino-americano, filho do continente das desigualdades e da esperança, ele resgatou a centralidade dos pobres, dos diferentes e do diálogo como fundamentos de uma humanidade mais fraterna.

Sua voz, sempre firme e sensível, ecoou nos cantos mais esquecidos do mundo, abrindo caminhos para a escuta ativa, o acolhimento dos diversos, o amor ao próximo e o cuidado com nosso planeta.

Em sua mensagem aos jovens, por ocasião da 39ª Jornada Mundial da Juventude em 2024, o Papa exortou as novas gerações a não se renderem à apatia ou ao conformismo. Ele disse preferir o cansaço daqueles que caminham “do que o tédio dos que estão parados e não têm vontade de andar”.

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Neste quase um ano como presidente do Conselho Nacional do Sesi, percorri diversos estados — Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Distrito Federal, Ceará, Pará, Piauí e Goiás — e, em cada um deles, encontrei juventudes plurais, engajadas, criativas e com sede de protagonismo.

Vi a diversidade ganhar vida nos estudantes indígenas e negros, em jovens de escolas públicas e privadas, que vivem no campo e na cidade, unidos pelo desejo de aprender.

O Brasil é formado por muitos Brasis. Da história de Roqueline Souza, mulher negra que conheci na Bahia — 13 anos afastada da escola, quando retomou os estudos pela EJA-Sesi e concluiu a graduação e a pós-graduação — à estudante Carol Juruna, com quem estive recentemente na Aldeia Boa Vista, em Vitória do Xingu (PA), integrante da primeira equipe indígena de robótica no Festival Sesi, realizado em Brasília este ano.

Seja qual for a trajetória, em cada jovem pulsa um desejo genuíno de participação. Os jovens de hoje não querem que lhes ditem uma cartilha pronta, que lhes digam o que fazer — querem ser ouvidos, dialogar e ter protagonismo na construção. Estão ativos e engajados, ainda que nem sempre nos formatos tradicionais. Mobilizam-se de outras formas, constroem sentidos, vínculos e promovem a transformação.

Papa Francisco

Papa Francisco nos deixa um legado que atravessa fronteiras, religiões e gerações (Foto: Shutterstock)

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Precisamos estar atentos às novas gerações: compreender seus modos de expressão, reconhecer sua potência e criar espaços para que contribuam, de forma concreta, na construção de um mundo mais justo e plural. O desafio está em canalizar essa energia, dar-lhes voz e integrá-las às múltiplas possibilidades de transformação social do país que queremos construir. 

A escola tem um papel central nesse processo — como espaço de coletividade, de construção de vínculos e de formação do sujeito em sua dimensão ética, crítica e social. É nesse ambiente que se cultivam o senso de responsabilidade, a escuta do outro e o compromisso com o bem comum.

Por isso, é urgente recolocar a educação no centro de um projeto de sociedade mais fraterna, solidária e democrática. Fortalecer a educação pública, avançar na educação de jovens e adultos e garantir acesso a uma educação de qualidade para todos é um compromisso que precisamos pactuar.

Essa escuta ativa está no centro do legado do Papa Francisco. Ao lado de jovens brasileiros de todos os cantos, inclusive os mais remotos, é preciso reafirmar a coragem de sonhar com um mundo mais justo, plural e comprometido com o bem comum.

Em uma de suas falas mais marcantes aos jovens, o Papa convidou à rebeldia contra o efêmero e contra a descrença no amor verdadeiro. “Peço que vocês sejam revolucionários, que vão contra a corrente, que se rebelem contra esta cultura do provisório que crê que vocês não são capazes de amar de verdade.”

Francisco acreditava nos jovens. Assim seu legado permanecerá, presente em cada gesto de escuta, em cada jovem que ousa sonhar e amar ao seu próximo. Ele nos mostrou que é possível mudar o mundo — e que os jovens são a força vital deste futuro em construção.

*Fausto Augusto Junior é  presidente do Conselho Nacional do SESI, professor e doutor em educação pela USP

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