NOTÍCIA
Pesquisa encomendada pela Fundação Itaú e Todos Pela Educação ouviu cerca de cinco mil responsáveis de estudantes das redes municipais para entender as percepções sobre a educação e o aprendizado deles
Na semana que marca o retorno das aulas nas redes de ensino de todo o país, a pesquisa Opinião das famílias: percepções e contribuições para a educação municipal, encomendada ao Instituto Datafolha pela Fundação Itaú e pelo Todos Pela Educação, revela as expectativas dos familiares em relação à qualidade da educação ofertada nas escolas públicas.
De acordo com o estudo, que ouviu 4.969 pais e responsáveis de alunos entre seis e 18 anos, apenas 60% dos entrevistados acreditam que seus filhos estão aprendendo o que é esperado para suas idades, evidenciando uma preocupação crescente com a qualidade do ensino.
Dentre as prioridades elencadas, também se destacam a melhoria da infraestrutura escolar (20%) e as condições de trabalho dos professores (17%). Famílias das regiões Norte e Nordeste enfatizam ainda a necessidade de melhorias estruturais, com 23% e 26%, respectivamente, considerando isso uma ação imediata.
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“O levantamento nacional mostra que as mães e os pais dos estudantes estão cada vez mais conscientes e envolvidos no acompanhamento dos resultados das avaliações de desempenho, bem como no desenvolvimento cotidiano de seus filhos. Essa preocupação abrange não apenas o aprendizado adequado, mas também o risco de abandono escolar”, explica Patrícia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.
Para a superintendente, o retorno das aulas é o momento em que as redes de ensino, governos e sociedade devem considerar as expectativas das famílias, cuja atenção se volta para além da infraestrutura escolar. “É fundamental desconstruir o estereótipo de que os responsáveis pelas crianças e adolescentes matriculados em escolas públicas não se importam com a qualidade da educação. A pesquisa é um retrato do questionamento das famílias, que querem saber em que medida as escolas conseguem engajar os estudantes e proporcionar um ambiente educativo que faça sentido para eles”, ressalta.
O estudo aponta que 30% dos participantes consideram a expansão de escolas em tempo integral como uma prioridade a partir deste ano. O modelo educacional, que oferece uma carga horária mínima de sete horas diárias, é visto como essencial para o desenvolvimento socioemocional dos estudantes, promovendo habilidades necessárias para o futuro. Além disso, 57% das famílias expressam temor em relação ao abandono escolar, refletindo a necessidade de um ambiente educativo mais acolhedor e estimulante.
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“A volta às aulas não deve ser vista apenas como um retorno à rotina escolar, mas como uma oportunidade para reestruturar e fortalecer os laços entre família e escola em prol de uma educação pública de qualidade, sob o respaldo do apoio e suporte dos estados e municípios”, finaliza Patrícia.
Pesquisa ‘Opinião das famílias: percepções e contribuições para a educação municipal’ revela as expectativas dos familiares em relação à qualidade da educação ofertada nas escolas públicas (Foto: Shutterstock)
Confira outras prioridades destacadas pelas famílias dos estudantes na pesquisa:
A pesquisa quantitativa foi conduzida no segundo semestre de 2024, utilizando entrevistas individuais com uma abordagem híbrida. Essa abordagem incluiu contatos presenciais em locais de grande circulação nas áreas pesquisadas e entrevistas telefônicas, realizadas por meio de sorteio aleatório de números de celular, distribuídos de acordo com os códigos DDD. As amostras foram estratificadas por região geográfica e tipo de município, com base nas proporções de matrículas registradas no Censo da Educação 2023. As entrevistas foram guiadas por um questionário estruturado, com duração média de 24 minutos.
Para acessar a pesquisa completa, clique aqui.
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