ARTIGO
Neuropedadoga reforça que quanto maior o conhecimento sobre o transtorno, melhor o desempenho dos educadores frente aos desafios apresentados
Publicado em 07/06/2024
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta uma série de características, sendo algumas delas bastante conhecidas, por exemplo, questões de comunicação e interação social. Porém, há outros aspectos que o professor e outros profissionais devem saber para atuarem de forma assertiva.
Para Mara Duarte, neuropedagoga, psicopedagoga e psicomotricista, o entendimento claro do TEA é importante para que os profissionais possam colocar em sala de aula estratégias que funcionem bem com cada aluno. “É preciso entender todas as possíveis características para planejar ações que realmente ajudarão no processo de aprendizagem. E é somente tendo domínio sobre as abordagens que o professor conseguirá colocar certas estratégias em funcionamento”, alerta Mara, que também é diretora do Grupo Rhema Neuroeducação.
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Um fator importante relacionado ao TEA é o processamento sensorial. Segundo Mara, é possível falar sobre hipersensibilidade e hipossensibilidade.
“A hipersensibilidade é uma condição em que a criança busca ‘fugir’ dos estímulos sensoriais do ambiente. Ela resiste, por exemplo, a determinada cor ou locais com muita claridade; tapa os ouvidos diante de estímulos sonoros ou evita algum contato físico. Já a hipossensibilidade é quando ocorre a busca por estímulos de forma exagerada. Os pequenos podem até se expor a situações de risco e realizar comportamentos inapropriados, como morder, por isso é importante saber identificar o que está ocorrendo”, exemplifica Mara Duarte.
Outra característica relacionada ao Transtorno é que ele pode vir acompanhado de uma série de comorbidades. Pesquisas apontam que mais de 70% das crianças com autismo apresentam deficiências como: deficiência intelectual, TDAH, X-frágil e crises de ansiedade.
“O desafio pode ser até maior para educadores que não sabem como lidar com alunos diagnosticados com autismo e outro transtorno associado. Para isso, conhecer o perfil da criança é importante, mas não é o suficiente. É preciso saber criar técnicas que viabilizem o ensino e aprendizagem desse público, e isso só se consegue investindo em educação na área”, sugere a neuropedagoga.
Outro ponto é que o TEA pode vir acompanhado de seletividade alimentar. Segundo Mara Duarte, crianças que manifestam essa característica podem apresentar recusa em experimentar algo novo e até mesmo não fazer suas refeições em locais fora de sua rotina. “Há casos de portadores com TEA que só comiam alimentos de uma cor ou textura, ou cuja comida quase não tinha temperos, por causa do cheiro. Nesse caso, para ajudar a criança a comer melhor, precisamos organizar o sistema sensorial (tátil, auditivo, vestibular, proprioceptivo, visual) e trabalhar de forma interdisciplinar, com os profissionais de áreas relacionadas em avaliar e tratar o problema”, detalha.
Ela reforça que o conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autista é essencial para a proposição de estratégias pedagógicas. “No contexto escolar, o domínio que os professores demonstram em relação às abordagens simboliza algo indispensável para o desempenho satisfatório do docente frente aos desafios apresentados”, finaliza.
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