NOTÍCIA
Dados são preliminares e fazem parte da Escuta Nacional de Professores e Professoras que Ensinam Matemática. Realizada pelo MEC, pesquisa ouviu cerca de 57 mil docentes; 52%-55% afirmam que formação inicial insuficiente também contribui para baixos resultados
Dados preliminares da Escuta Nacional de Professores e Professoras que Ensinam Matemática, realizada pelo Ministério da Educação (MEC) entre março e abril deste ano, indicam que cerca de 40% dos 57.080 docentes ouvidos apontam condições de trabalho inadequadas como um dos principais entraves para o aprendizado da disciplina.
Dos participantes, 28.024 atuam nos anos iniciais do ensino fundamental, 21.517 nos anos finais, e 7.093 no ensino médio. Outros 446 lecionam na educação profissional e tecnológica. Os profissionais atuam na rede pública e o objetivo da pesquisa foi conhecer os professores que ensinam matemática no Brasil, bem como seus desafios e demandas.
Hoje, a aprendizagem de matemática no país apresenta números preocupantes. Dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) 2022, que avalia estudantes de 15 anos, apontam que 73% dos alunos brasileiros não atingem o patamar mínimo de aprendizagem da disciplina.
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Como crianças organizam a própria aprendizagem em matemática?
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O levantamento do MEC também indica que pouco mais da metade dos docentes apontam formação inicial insuficiente como fator que contribui para os baixos resultados. “Cerca de 52% a 55% reconhecem que trazem lacunas de formação inicial; que parte da sua insegurança para atuar com melhores estratégias pedagógicas, fazer intencionalmente escolhas mais assertivas para sua prática, para a organização do seu trabalho curricular com a matemática, são reflexos de uma bagagem de formação inicial que não dá lastro para isso”, afirma Tereza Farias, coordenadora-geral de Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC.
Tereza participou na quarta-feira, 26, de uma das mesas do seminário Gente que Soma, organizado pelo Instituto Reúna, em São Paulo (SP), que discutiu a aprendizagem de matemática no país. Na ocasião, ela dividiu os dados preliminares do levantamento do MEC.
O painel, intitulado Quem ensina matemática: formação, currículo e práticas transformadoras, também contou com a participação de Jorge Lira, professor titular do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luiz Miguel Martins, presidente nacional da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), e Marcelo Firer, professor associado da Universidade Estadual de Campinas, além de Letícia Giordano, professora do Câmpus Cubatão do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), como mediadora.

Tereza Farias, do MEC, participou do seminário Gente que Soma, em SP (Foto: @cauediniz)
A pesquisa do MEC também indica que há um grande interesse dos professores que ensinam matemática por formações práticas: cerca de 80% apontam o desejo de participar de oficinas com experimentação de atividades de sala de aula. Além disso, 70% desejam formações de média e longa duração.
A maioria dos profissionais também busca aproximar a matemática da vida cotidiana: oito em cada 10 respondentes afirmam fazer essa relação em mais da metade das aulas. Cerca de 90% priorizam aulas expositivas no ensino médio.
O uso de jogos educativos está mais presente no início da vida escolar: nos anos iniciais, cerca de 50% dos professores afirmam aplicar jogos que estimulam habilidades matemáticas na maior parte das aulas; já nos anos finais e no ensino médio, o número cai para 30%.
A Escuta do MEC, realizada em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a Undime, ouviu 40 mil professoras e 17 mil professores que ensinam matemática. A pesquisa chegou a 75% dos municípios brasileiros. Mais de 24 mil escolas tiveram a participação de pelo menos um docente. O questionário foi respondido online, de forma anônima e autônoma. Além disso, mais de 3.500 escolas foram sorteadas e convidadas a participar do levantamento.
Os resultados da pesquisa irão apoiar o Compromisso Nacional Toda Matemática. Lançado pelo MEC em outubro, o programa tem o objetivo de garantir o direito à educação matemática, fortalecendo, para isso, o regime de colaboração entre os entes federativos (União, estados e municípios).
Realizado em 26 de novembro na Arena B3, em São Paulo (SP), o evento Gente que Soma foi organizado pelo Instituto Reúna, com apoio do B3 Social, Instituto Natura, Fundação Lemann e Fundação Itaú.
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