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Ricardo Tavares

Professor de matemática, especialista em negócios educacionais. Diretor-geral da FTD Educação, vice-presidente da Abrelivros e cofundador da Abraspe

Publicado em 14/10/2025

Performance com propósito: o equilíbrio que transforma escolas

A educação contemporânea exige um plano de convergência entre formação humana e resultados de aprendizagem, com os(as) professores(as) no centro da mudança

No século 21, a educação vive um desafio que parece paradoxal: formar estudantes de alta performance sem abrir mão do desenvolvimento humano completo. Em um cenário em que o desempenho acadêmico é constantemente medido por índices, rankings e resultados em avaliações externas, cresce também a consciência de que não basta preparar jovens para provas. É preciso prepará-los para a vida. Aqui estamos falando de competências socioemocionais, empatia, colaboração e gestão de sentimentos.

Essa visão não é apenas uma tendência: está consolidada em documentos como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que já prevê o desenvolvimento socioemocional como parte integrante da formação dos estudantes. Ao mesmo tempo, metodologias ativas e tecnologia educacional estão disponíveis, abrindo espaço para novas práticas. O grande desafio, no entanto, está na implementação consistente: como transformar recursos e conceitos em realidades cotidianas dentro das escolas, da educação infantil à formação docente?

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Ambidestria educacional: unir o que antes parecia oposto

A esse movimento de integração damos o nome de ambidestria educacional. Não se trata de escolher entre excelência acadêmica ou desenvolvimento humano, mas de reconhecer que ambos são indispensáveis e complementares. Uma escola verdadeiramente de alta performance é aquela que garante equidade, ou seja, em que todos os alunos progridem, não apenas os mais preparados. 

Também é um espaço que cultiva a cidadania e prepara os estudantes para os desafios do século 21: resolver problemas complexos, trabalhar em equipe, inovar e cuidar de si mesmos e do outro. 

Na prática, isso significa construir um modelo educacional que valorize não apenas o aspecto cognitivo, mas também o desenvolvimento socioemocional e a cidadania; que estimule metodologias ativas, dando protagonismo ao estudante; que utilize a tecnologia como ferramenta pedagógica para personalizar a aprendizagem; que ofereça ambientes colaborativos, capazes de promover a troca e a empatia; e que valorize a formação de professores, reconhecendo-os como o elo essencial entre todos esses elementos.

ambidestria educacional

Se a escola é o espaço onde ambidestria educacional acontece, o(a) professor(a) é o(a) protagonista dessa jornada (Foto: Shutterstock)

O professor como agente integrador

Nesse contexto, o papel do professor se torna ainda mais estratégico. Ele é o agente integrador dessa equação. É quem articula os quatro pilares de uma educação integral:

  1. apoia no desenvolvimento de competências socioemocionais por meio de relações empáticas e acolhedoras;
  2. aplica metodologias ativas, transformando a sala de aula em espaço de experiências;
  3. organiza o ambiente para estimular colaboração e protagonismo.
  4. utiliza a tecnologia de forma inteligente, potencializando personalização e resultados.

Mais do que transmissor de conteúdo, o professor é quem inspira, motiva e ajuda os estudantes a conectarem o conhecimento com a vida real, de maneira atemporal, pois em qualquer época, sob diferentes metodologias e tecnologias, é ele quem garante que a busca por resultados não elimine a dimensão humana da educação.

Por isso, no mês de outubro, quando celebramos o Dia dos(as) Professores(as), gostaria de prestar uma homenagem a quem sustenta, com dedicação e paixão, a missão de ensinar. A cada aula, a cada escuta atenta, a cada incentivo dado a um estudante, os professores mostram que é possível formar campeões-cidadãos.  

Se a escola é o espaço onde essa ambidestria acontece, o(a) professor(a) é o(a) protagonista dessa jornada. E é a ele(a) que devemos o exemplo de que a verdadeira performance nasce daquilo que resiste ao tempo: conhecimento, valores e humanidade.

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