NOTÍCIA
Entre escolas públicas e redes privadas, há diferentes possibilidades de experiências. Conheça casos da Fundação Bradesco e da Associação Ceteb, debatidas em painel de evento da revista Educação
No espaço entre as escolas públicas, amplamente majoritárias, e as redes privadas de ensino, há uma ampla gama de caminhos alternativos e experiências diversificadas, capazes de contribuir com a busca de uma educação de excelência no país. Isso é o que evidencia o painel Experiências públicas, iniciativas privadas, realizado durante evento* da Academia Líderes de Educação (nova iniciativa da revista Educação), contando com a participação da Fundação Bradesco e da Associação Ceteb.
Entre as iniciativas que se destacam, a busca de uma gestão eficiente e voltada ao aprendizado dos alunos é um aspecto em comum, e que serve como referência para os diversos modelos de estabelecimento de ensino. “Somos uma instituição privada que atende principalmente um público que depende do acesso à educação gratuita”, afirma Flávio Constantino, gerente sênior de supervisão educacional da Fundação Bradesco. “Fazemos isso de forma inclusiva e com ferramentas modernas de gestão, aliadas aos melhores materiais didáticos e metodologias”, acrescenta.
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A Fundação Bradesco atende primordialmente crianças e jovens em condição de vulnerabilidade social, com o objetivo declarado de propiciar o desenvolvimento de suas potencialidades, transformando vidas por meio da educação de qualidade, com impactos positivos para a família e o entorno dos estudantes. Ao todo são 42 mil matrículas em todo o Brasil, com 40 escolas, distribuídas em todas as unidades da federação, e investimentos da ordem de R$ 10,6 bilhões nos últimos dez anos.
Flávio Constantino explica que a gestão integrada das escolas alinha o trabalho de cada uma com as diretrizes do MEC e os valores da Fundação, mas sempre respeitando a diversidade e as necessidades locais, tanto da perspectiva pedagógica como operacional. “Temos muito ‘Brasis’ aqui. Por isso, esse movimento é necessário e vivido diária e intensamente. Não podemos impor o que definimos em São Paulo, porque queremos uma educação de protagonismo social, em que os estudantes são protagonistas do que estão aprendendo”, ressalta.
Flávio Constantino, gerente sênior de gestão educacional da Fundação Bradesco (Foto: divulgação)
Ao mesmo tempo, o Centro Educacional da Fundação, localizado na matriz, no município de Osasco (SP), oferece suporte às escolas por meio de diversas ações, como a formação de professores e outros profissionais, como diretores, orientadores educacionais e gerentes administrativos. Algumas são realizadas presencialmente e outras de forma remota. Somente no ano passado, foram 40 mil horas de formação, cobrindo várias áreas, que abrangem temas como os valores da Fundação, as competências essenciais à liderança e o trabalho em sala de aula.
Em paralelo, a área de Supervisão Educacional tem como missão assegurar que todas as escolas apliquem as diretrizes da Fundação, gerando dados e indicadores operacionais que possibilitam impactar a gestão das unidades, inclusive com ajustes de rota e até mesmo mudanças estratégias. “Esse sistema é um dos nossos grandes diferenciais e permite irmos além da administração propriamente dita, contribuindo para a orientação individualizada de cada estudante, em várias dimensões, incluindo o desempenho escolar e a saúde física e mental”, destaca Flávio.
Um exemplo bem diferente, mas igualmente representativo, vem da Associação Centro de Educação Tecnológica do Estado da Bahia (Ceteb), que, desde 2021, é responsável pela gestão de três estabelecimentos públicos de ensino em Minas Gerais: a Escola Estadual Francisco Menezes Filho e Maria Andrade Resende, ambas em Belo Horizonte, e a Escola Estadual Coronel Adelino Castelo Branco, em Sabará, região metropolitana da capital mineira.
Essas três escolas têm apresentado resultados significativos, com destaque para o Ideb superior à média estadual e taxas de evasão próximas a zero. Para o diretor-executivo da Ceteb, Claudenir Machado, o segredo é a atenção especial à gestão, aos processos e aos resultados.
Junto com a comunidade foram estabelecidos objetivos específicos e planos de ação para o alcance dos resultados firmados com o poder público, tudo com monitoramento trimestral. “Adotamos a chamada metodologia ágil, que prevê o acompanhamento e a adoção de ajustes em ciclos menores, identificando rapidamente os problemas e buscar as soluções”, explica Claudenir. “Também de forma coletiva, as escolas construíram sua missão, sua visão e seus valores”, acrescenta.
A Ceteb também procura inovar na execução do planejamento, com o surgimento do cargo de diretor-geral da escola, que desempenha um papel mais estratégico, com foco nos processos e nos objetivos a serem alcançados. Para isso, foi fundamental a criação de três novas posições: os vice-diretores pedagógico, administrativo e de relações comunitárias. “Separamos as frentes de trabalho e valorizamos a área pedagógica que passou a ter um vice-diretor e dois coordenadores”, diz Claudenir.
Claudenir Machado, diretor-executivo da Associação Ceteb (Foto: divulgação)
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Criada em 1998, a Ceteb vivenciou sua primeira experiência de parceria com o poder público em Feira de Santana, assumindo a gestão de uma escola técnica de Ensino Médio. “Fomos pioneiros nesse tipo de gestão social e já tivemos a oportunidade de apresentar a experiência em vários países, detalhamento tanto os aspectos administrativos como os pedagógicos”, conta Claudenir. Essa parceria se encerrou em 2016, mas até hoje a Associação mantém uma escola na cidade, que oferece ensino fundamental e ensino médio, inclusive na modalidade Profissional e Tecnológica. As vagas são ocupadas tanto por crianças e jovens que podem pagar mensalidade tanto por bolsistas de até 100%.
Na perspectiva de Claudenir, é importante disponibilizar variados modelos de organização da oferta de ensino, deixando que a sociedade faça escolhas e validar os resultados educacionais. “Mas sem transferir para o parceiro privado a responsabilidade pela educação que, na essência, é do poder público. Não se trata simplesmente de uma prestação de serviço. O que se busca é a gestão compartilhada, em que o parceiro privado pode contribuir com sua vocação para a gestão, sempre mantendo o espírito público.”
*O evento ‘Em tempos turbulentos, como manter a escola firme’ acontece hoje, 7, em Pinheiros, cidade de São Paulo, e conta com outros painéis e palestrantes.
Saiba mais sobre o evento clicando aqui.
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