NOTÍCIA
Youtuber esteve ao lado das jornalistas Januária Alves e Petria Chaves, na Bett Brasil; ele falou sobre como as redes sociais podem ser transformadas em aliadas da literatura
Por Adriana Amâncio da revista Educação | Com 47 milhões de assinantes em seu canal no YouTube, o influenciador Felipe Neto se tornou um nome de peso quando o assunto é literatura e redes sociais. Apesar de reconhecer o desafio de driblar o algoritmo, que “prioriza a distribuição de conteúdos de consumo rápidos”, ele acredita que “se as mídias forem utilizadas de forma correta, podem ajudar educadores a formar leitores críticos”, defende.
Ele esteve, de forma online, ao lado das jornalistas Petria Chaves e Januária Alvez, no painel Educação midiática e literária: desenvolvendo leitores críticos em um mundo conectado, realizado na tarde desta quarta-feira, 30, na Bett Brasil Relembrando a sua fase escolar, o youtuber disse “que a sua experiência na escola com a leitura dos grandes clássicos foi uma tragédia. Eu passei a odiar o realismo e o romantismo clássico no Brasil”, afirmou.
Para Felipe Neto, o problema estava na maneira sofrida e rígida com que os seus professores trabalhavam essa leitura. “O professor precisa ajudar os estudantes a encontrarem a leitura que lhes dá prazer. Usar linguagem acessível e que gere identificação com os jovens. No meu caso, Harry Potter se tornou o meu livro preferido”, esclareceu.
Público formado por professores, gestores, pesquisadores e bibliotecários buscava formas de atrair os estudantes para a leitura crítica. Painel com Felipe Neto, Januária Alves e Petria Chaves – Foto: Adriana Amâncio
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Na busca por caminhos para proporcionar uma experiência contrária à que Felipe Neto teve, a fundadora do Centro Educador PH3, que fica em Parnamirim, na Grande Natal, no Rio Grande do Norte, Francisca Henrique, 69 anos, chegou cedo ao painel expositivo.
Francisca Henrique, gestora escolar do Rio Grande do Norte, realiza a Ciranda Literária, que estimula acesso aos livros por parte dos estudantes – Foto Adriana Amâncio
Ela nos contou que já desenvolve algumas atividades na escola para estimular a leitura, inclusive de autores locais. “Temos uma área com autores potiguares [nascidos no Rio Grande do Norte], Feira Literária, contação de história e a Ciranda do Livro, dinâmica na qual o pai compra um livro e o filho lê 20, pois fazemos um rodízio e todos leem os livros um do outro. Vim aqui [no painel] buscar novas ideias”, afirmou com empolgação.
Já o coordenador pedagógico do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), de São Paulo, Alexandre Cristiano, veio em busca de ideias para aproveitar uma oportunidade. “Acho que a proibição do uso de celular em sala de aula despertou o interesse nos estudantes de se encontrar. Vim entender formas de tornar a leitura uma boa ideia para preencher essa atenção”, destacou.
Alexandre considera que proibição do uso do celular em sala de aula criou uma oportunidade para estimular a leitura entre estudantes – Foto: Adriana Amâncio
A jornalista e âncora da CBN, Petria Chaves, disse que “ao priorizar a distribuição daquilo que é mais simples e de consumo rápido, o algoritmo não ajuda quem produz conteúdo profundo”, observa.
A rapidez, neste caso, atrapalha o pensamento crítico, avalia Petria. Ela considera que a crítica demanda um tempo específico de “elaboração e maturação do conteúdo assimilado”. E completa: “é preciso que esses estudantes façam uma leitura crítica dos livros que leem. O tempo da internet não favorece esse tipo de leitura”, detalha.
Mãe de um garotinho de sete anos, que consome conteúdos digitais, ela considera importante que “os pais auxiliem os professores na curadoria dos conteúdos e autores a serem lidos pelo estudante”, explicou.
Referência em educação midiática, a jornalista Januária Alves, autora de livros como Crônica de papel — razões para gostar de ler (ed. Mercuryio Jovem) recomenda, inspirada na sua experiência de vida, a qual inclui a leitura de revistas em quadrinhos na infância, que a leitura precisa fazer com que o estudante se veja no livro. “É preciso ajudar esse estudante a encontrar as suas razões para gostar de ler, para que ele se veja no livro”, arrematou.
A bibliotecária do Colégio Brigadeiro Newton Braga, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, Aimee Menezes, diz ter percebido um aumento na procura de livros na biblioteca na qual trabalha. “Muitos estudantes chegam à procura de livros indicados por influenciadores digitais no YouTube e TikTok”, afirma.
Essa demanda gerada por novos leitores tem feito com que a profissional turbine a esperança de ter biblioteca cheia de leitores, mesmo diante da atração que os algoritmos ainda exercem sobre os estudantes. “Existem formas de buscar a leitura e o pensamento crítico nesse espaço tecnológico, seja com a oferta de livros físicos ou digitais”, concluiu esperançosa.
Estudantes têm buscado livros na biblioteca indicados por Youtubers, afirma a bibliotecária Aimee Menezes – Foto: Adriana Amâncio
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