A educação básica enfrenta um desafio crescente: a falta de professores qualificados para suprir a demanda das próximas décadas. Segundo estudo recente da Fundação Getulio Vargas (FGV), os professores são responsáveis por quase 60% do desempenho dos alunos na educação fundamental, superando todas as outras variáveis da escola pública.

Apesar dessa relevância, a desvalorização da carreira docente ameaça provocar um déficit de 235 mil educadores até 2040, o que pode comprometer seriamente a qualidade do ensino no Brasil.

A formação inicial dos professores é um dos principais desafios. Hoje, grande parte dos docentes se forma em cursos de licenciatura a distância, sem uma vivência prática adequada em sala de aula. A falta de experiência impacta diretamente o desempenho dos profissionais e aumenta os índices de abandono da carreira nos primeiros anos de docência.

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Além disso, a baixa remuneração, as precárias condições de trabalho e a falta de reconhecimento são fatores que agravam a crise na profissão, tornando a carreira menos atrativa para os jovens.

Neste contexto, a valorização do professor não se restringe apenas ao aumento salarial, mas também ao reconhecimento social e profissional, à oferta de formação continuada e à melhoria da infraestrutura escolar. Políticas públicas e iniciativas privadas precisam atuar conjuntamente para reverter esse quadro e garantir que a educação brasileira continue avançando.

Para evitar um colapso no ensino básico e fortalecer a profissão docente, é necessário adotar medidas estruturadas em diferentes prazos. No curto prazo, a criação de programas de incentivo financeiro, como bolsas e subsídios, pode atrair novos professores.

Realidades possíveis

Neste sentido, uma incrível iniciativa prática de uma grande rede de escolas privadas do Sul do país, a Sagrado Rede de Educação Província Clélia Merloni, mantém um programa de apadrinhamento de jovens para cursos de formação docente, tendo como os dois principais objetivos promover o acesso de jovens provenientes de famílias em situação de vulnerabilidade social à educação técnica, no curso de formação de docentes (magistério); e desenvolver uma formação integral que contemple aspectos educacionais e formativos, favorecendo a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a transformação social, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Maiores informações, que recomendo, podem ser obtidas pelo e-mail josiane.batista@apostolas-pr.org.br.

No médio prazo, a reformulação da formação inicial dos professores deve priorizar um equilíbrio entre teoria e prática, aliada à melhoria das condições de trabalho, incluindo infraestrutura adequada nas escolas e a redução da carga de trabalho extraclasse. Além disso, é fundamental ampliar os programas de formação continuada, oferecendo cursos de aperfeiçoamento que atendam às novas demandas educacionais.

No longo prazo, políticas de valorização docente, incluindo planos de carreira estruturados e salários compatíveis com a responsabilidade da função, devem ser implementadas, ao mesmo tempo em que se fortalece a cultura de inovação na educação, incentivando metodologias ativas e o uso de tecnologia no ensino.

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Outro ponto é o reconhecimento público de boas práticas educacionais, movimento essencial para motivar os docentes e valorizar a categoria. O Prêmio Educador FTD Educação, entregue na primeira quinzena de fevereiro, é um exemplo nesse sentido.

A premiação reconhece e valoriza as boas práticas educacionais de professores e gestores da educação básica de escolas parceiras, públicas e particulares, da FTD em todo o Brasil. Foram inscritos, nesta primeira edição, mais de 400 projetos transformadores.

O projeto Contando, encantando e reencantando as histórias e ampliando os saberes, da professora Ingrid Lopes de Araújo Oliveira, da escola municipal Luigi Luvizotto, em Cerquilho, SP, foi reconhecido como Prêmio Destaque em Literatura. O trabalho promoveu a formação leitora de crianças por meio da literatura infantil, utilizando acervos da FTD e resultando em um avanço significativo na fluência leitora dos alunos e reforçando o papel da leitura na construção do conhecimento.

A professora Ingrid comentou sobre a premiação: “Esse reconhecimento não é apenas uma validação do impacto do projeto, mas também um incentivo para continuar inovando na educação”.

Já o projeto Empreendedorismo sustentável, da professora Juliany Camargo Silva Abrão, da escola Ethos, em Goiânia, GO, integrou sustentabilidade e educação financeira ao currículo, incentivando práticas como gestão de resíduos e consumo consciente.

De acordo com a professora Juliany “receber este prêmio é uma mistura de alegria, gratidão e a certeza de que estamos no caminho certo. Que esse reconhecimento inspire ainda mais transformações”.

Se quisermos um futuro com educação de qualidade, precisamos agir agora para garantir que nossos professores sejam respeitados, motivados e valorizados. Afinal, eles são a base de qualquer transformação social e econômica duradoura.

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