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Autor

Redação revista Educação

Publicado em 04/03/2025

Mais de 50% das escolhas dos alunos de escolas particulares são por alimentos ultraprocessados

Estudo inédito sobre alimentação escolar foi feito por seis universidades públicas brasileiras. Na contramão desses dados, em escolas de SP, como a Lourenço Castanho, a alimentação saudável é integrada ao aprendizado

Nas cantinas de escolas particulares no Brasil, alimentos ultraprocessados são vendidos 50% mais do que os in natura ou minimamente processados. O dado é do estudo Comercialização de alimentos em escolas brasileiras, possivelmente o primeiro sobre o tema, conduzido por pesquisadores de seis universidades públicas, incluindo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre 2022 e 2024. 

Entre os itens mais consumidos, ainda segundo o estudo, o refrigerante lidera, com 61,8%, seguido por salgados assados com recheio ultraprocessado (47,88%), bombons ou chocolates (37,97%) e salgadinhos de pacote (37,48%). 

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Para reverter esse quadro, Fábia Antunes, doutora em pedagogia e diretora pedagógica da Escola Lourenço Castanho, ressalta que a escola é um espaço essencial para a introdução de novos hábitos. “É importante ressaltar que a escola é o primeiro espaço social da criança em que ela vai compartilhar e conviver com regras que atendem a todos do grupo.”

 

ultraprocessados

Foto: Shutterstock

No dia a dia

Diante desse cenário, Fábia destaca que, apesar dos dados preocupantes, cada família tem seus próprios hábitos alimentares, e a escola deve atuar com cuidado nessa questão, já que a alimentação infantil é uma preocupação de saúde pública.

Além da cantina e da orientação às famílias, na Lourenço Castanho, a alimentação é integrada ao aprendizado de inglês durante o English Program, já que o almoço ocorre no horário das aulas. Esse tema é abordado de forma educativa, ajudando os alunos a fazerem boas escolhas ao montar seus pratos e relacionando a alimentação a conteúdos curriculares. 

“Um dos nossos projetos, ‘Who Am I’, direciona essa reflexão sobre alimentação saudável, estudando a função dos alimentos no corpo, os food groups e como cada um contribui para o desenvolvimento das pessoas”, explica Érika Leal, coordenadora de inglês do ensino fundamental 1.

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Os alimentos fornecidos na escola são administrados por uma empresa especializada, que prioriza refeições equilibradas, nutritivas, saborosas e seguras. Não são oferecidos doces como sobremesa, apenas frutas frescas. Além disso, evita-se o uso de ultraprocessados, como embutidos, temperos industrializados e frituras. 

Além disso, Fábia destaca que a escola adota um caderno de diretrizes, um e-book, que oferece às famílias recomendações sobre lanches, alimentação em festas de aniversário e outros aspectos da nutrição infantil. 

“Tem família que prefere mandar lanche para a escola e, com a nossa orientação nutricional, eles conseguem fazer escolhas mais saudáveis. E quando acontece de um aluno levar, por exemplo, uma bolacha recheada, nós entramos em contato, explicamos sobre a estratégia coletiva de alimentação saudável e por isso a relevância dos pais pela escolha de alimentos mais leves”, completa.

Atenção além escola

A doutora em educação e diretora pedagógica da educação infantil da Unidade Vila Nova Conceição da Lourenço Castanho, Vivian Alboz, destaca que, especialmente na primeira infância, a boa alimentação também envolve diretamente os alunos no processo. 

“Diariamente, falamos sobre a importância de montar um prato colorido. Em todos os momentos, mostramos o cardápio que será oferecido e explicamos a importância de escolher alimentos de diferentes grupos alimentares. Vamos envolvendo as crianças nessas dinâmicas que a escola oportuniza. A longo prazo, elas ampliam o paladar e desenvolvem hábitos mais saudáveis. Claro que isso não depende só da escola, precisa se estender para casa, e temos mais casos de sucesso quando a família compartilha dos mesmos princípios”, afirma.

Da mesma visão compartilha Beatriz Pelizzaro, orientadora educacional do 1º e 2° ano do ensino fundamental 1: “A escola tem a responsabilidade de fornecer a melhor alimentação possível, evitando ultraprocessados e incentivando a variedade e a qualidade. Esse cuidado é essencial, pois muitas crianças fazem a maior parte das refeições aqui, e é na escola que elas têm a chance de ampliar o contato com novos alimentos e experimentar o que os colegas e professores estão incentivando a consumir”, conclui.

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