NOTÍCIA
Estudantes da rede pública participaram do programa de iniciação científica da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Ambas as iniciativas foram a ponte desses jovens para o ensino superior
Dois medalhistas da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) foram aprovados no concorrido curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP). Luiz Filippe Campos, 17 anos, e Raquel Liberato, 18 anos, conseguiram as vagas pelo Provão Paulista, voltado para alunos da rede pública de São Paulo.
Além do sonho de vestir o jaleco, os estudantes compartilham a paixão pela matemática e bons frutos na OBMEP. Luiz Filippe possui duas medalhas na competição científica e conquistou o primeiro lugar para medicina na USP. Já Raquel, com cinco honrarias, é multimedalhista na OBMEP e garantiu o terceiro lugar para a graduação na modalidade de ingresso pelo Provão. Juntos, eles mostram que a matemática não deve ser vista como inimiga e pode estar diretamente ligada à medicina.
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Luiz é de Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo, e estava numa rotina intensa de estudos há dois anos para se dedicar à vaga. O aluno conheceu a OBMEP no primeiro ano do ensino médio e viu nela uma oportunidade de se dedicar à disciplina. Após conquistar sua primeira medalha, ingressou no Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC) e se encantou com o projeto. “O PIC me motivou bastante e me deu uma base até mesmo para o vestibular. Era a chance de estudar minha matéria favorita em uma universidade próxima, aos sábados, com professores de qualidade e alunos que poderiam me entender”, conta.
Para Luiz, a OBMEP foi um momento decisivo no seu processo educacional. “A Olimpíada é uma porta muito importante. A prova expandiu a minha visão sobre a matemática porque a cobrança dos temas é completamente diferente do que é feito na escola. As questões são mais criativas, divertidas e entramos em contato com problemas interessantes. Isso é muito bom. Às vezes, o aluno só está estudando sem um propósito e a OBMEP pode ser essa oportunidade.”
Já na pequena Flora Rica, no interior de São Paulo, Raquel está empolgada para começar a graduação. A jovem sempre gostou de matemática, mas foi com a OBMEP que sua paixão pela disciplina se concretizou. “A partir dos desafios da prova, passei a me esforçar mais para tentar aprender mais”, relata.
O sonho de cursar medicina era antigo, mas, por conta das dificuldades sociais, Raquel acabou deixando a paixão de lado. “Gosto de aprender um pouco de tudo e estou sempre buscando conhecimento. Minha paixão pela medicina começou quando eu tinha uns 11 anos, mas acabei me distanciando desse sonho porque achava que não iria conseguir, por causa da minha realidade. Há dois anos eu voltei a pensar na possibilidade e agora estou aqui.”
No ano passado, a estudante estava determinada a passar no vestibular e se dedicou aos estudos. “Sempre estudei sozinha, através de videoaulas e exercícios pelo notebook, em casa. Tentava estudar todos os dias, nem sempre conseguia, mas o objetivo era resolver questões relacionadas aos temas cobrados no vestibular pelo máximo de tempo.”
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O PIC também foi um dos aliados de Raquel, que participou das aulas a distância do 8º ano do ensino fundamental até a conclusão do ensino médio. “Os polos presenciais eram longe da minha casa, mas sempre gostei bastante das aulas online e dos professores do PIC. As aulas me mostraram assuntos que não conhecia e consegui me desenvolver bastante na matemática.”
Raquel viu nas olimpíadas um desafio e uma chance de se motivar cada vez mais. “Fazer provas difíceis e resolver questões que antes não conseguia foi o que me motivou a continuar estudando sempre. Quando eu ganhava uma medalha, ficava ainda mais ansiosa para conseguir outras”, conta.
Agora, a estudante se prepara para se mudar para Ribeirão Preto para dar início ao ano letivo na USP. Ansiosa para realizar um sonho, a caloura de medicina deixou uma dica para os vestibulandos que também desejam ocupar um lugar na universidade pública. “O jeito é estudar bastante. Só assim para conseguir, principalmente para quem vem de escola pública como eu. A gente precisa se esforçar dez vezes mais para chegar lá, mas não podemos desistir.”
Criada pelo IMPA em 2005, a competição é promovida com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC). A OBMEP contribui para estimular o estudo da matemática no Brasil, identificar jovens talentosos e promover a inclusão social por meio da difusão do conhecimento. Além disso, a Olimpíada busca melhorar a qualidade da educação básica, possibilitando que um maior número de alunos brasileiros possa ter acesso a material didático de qualidade.
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