NOTÍCIA
Camilo Santana reconhece que setor está subfinanciado; diretora-geral da Unesco global pede que, para mudar o caminho [de um mundo desigual], lideranças invistam mais na educação
Publicado em 04/11/2024
Encontrar alternativas para mais de um tipo de financiamento educacional, como perdoar dívidas de estados, municípios e países que cumprirem “metas” educacionais, é uma das orientações de representantes globais da Unesco.
Essa conclamação foi discutida por pelo menos 94 delegações de países-membros da Unesco e mais de 50 ministros de Educação e Finanças — totalizando cerca de 600 pessoas —, que estiveram em Fortaleza, CE, para a Reunião Global de Educação (GEM na sigla em inglês) da Unesco, entre 31 de outubro e 1º de novembro. Realizada a cada dois anos, foi a primeira vez que o hemisfério sul recebeu o encontro, sendo a quarta edição e a com o maior número de participantes.
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A abertura da GEM contou com a presença do vice-presidente da república, Geraldo Alckmin, e do ministro da Educação, Camilo Santana, além de outras autoridades. O presidente Lula não compareceu devido a um acidente doméstico que o impossibilita a viajar de avião. Camilo reconhece que a educação brasileira está subfinanciada e destacou a importância do país destinar 10% do PIB (produto interno bruto) para a educação — proposta à qual está no novo Plano Nacional de Educação (PNE) e aguarda aprovação no Congresso.
A Reunião Global da Educação ocorre para os países analisarem o progresso do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4, voltado à educação, e que faz parte da Agenda 2030 da Unesco. Como muitos países estão distantes das metas estipuladas, a proposta é que o encontro ajude a acelerar as demandas, cujo prazo termina em seis anos.
O comunicado oficial de Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco global, e que já foi ministra da Cultura da França (2016 a 2017), dialoga com outras lideranças presentes na reunião ao afirmar que a educação é o grande motor de sociedades prósperas.
“No entanto, a educação de qualidade corre o risco de ser o privilégio de poucos, se não tomarmos medidas sérias para dar a todas as crianças do mundo a mesma chance de aprender e ter sucesso. Na Reunião Mundial sobre a Educação da Unesco, pedimos que líderes ousados atuem para mudar o curso e reforçar os investimentos em educação, inclusive por meio de mecanismos de solidariedade renovados entre países de renda alta e baixa”, declarou Andrey Azoulay.
O grego Manos Antoninis, diretor do Relatório de Monitoramento Global da Educação (GEM), explicou a jornalistas que “há muitas dimensões de financiamento”, tendo a possibilidade de estratégias nacionais e internacionais.
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Durante a GEM, o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2024 da Unesco foi lançado com dados que destacam o quanto que direitos mínimos ainda estão sendo negados pelo mundo, por exemplo, o fato de que 251 milhões de crianças e jovens ainda estarem fora da escola.
A realização da GEM é da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e tem este ano o Ministério da Educação (MEC) na organização. A GEM faz parte da Semana Ceará: Centro Global da Educação, cuja primeira atividade foi com o G20 da Educação, realizado no mesmo local (saiba mais aqui).
*A revista Educação viajou a Fortaleza a convite do MEC e OEI.
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