Nos últimos anos, com o desafio da mudança climática e a exposição frequente na mídia de conflitos enfrentados pelos povos indígenas, os olhares do Brasil e do mundo se voltam cada vez mais para essa população. E na busca pelo conhecimento mais aprofundado da cultura […]
Publicado em 19/04/2023
Nos últimos anos, com o desafio da mudança climática e a exposição frequente na mídia de conflitos enfrentados pelos povos indígenas, os olhares do Brasil e do mundo se voltam cada vez mais para essa população. E na busca pelo conhecimento mais aprofundado da cultura dos povos originários, cresce o número de interessados na temática indígena. Pensando nisso, a editora Moderna irá lançar, até o fim deste ano, cinco novos livros de literatura indígena, escritos por indígenas.
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Entre as obras com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2023 estão Apytama – Floresta de histórias, organizado pelo autor Kaká Werá, que apresenta um território de imagens e conceitos que traduzem a identidade e a consciência de pertencimento de uma cultura plural, cujos valores principais apontam para o cuidado com a natureza, com as diferenças, com o poder e com o reconhecimento da memória como portadora de saberes. A obra, voltada para o público juvenil, oferece em poemas, ensaio, crônicas e contos uma reflexão sobre a relação entre a natureza e o ser humano.
No segundo semestre, também no segmento de literatura infantojuvenil, a editora Moderna prevê o lançamento de A Mãe Terra e o Bem Viver, de Ademario Ribeiro Payayá; Terra, rio e guerra – a sina de um curumim, de Cristino Wapichana e Poemas para curumins e cunhantãs, de Thiago Hakiy.
“A literatura indígena estar presente, principalmente nos meios escolares e espaços de aprendizado, é de vital importância, pois é por meio da literatura que se pode conhecer a alma de uma cultura, de um povo. E, por meio da alma, vem toda uma visão de mundo que nos permite, consequentemente, eliminar a ignorância em relação ao outro. Daí, nasce o respeito à diversidade e abre-se a possibilidade de aprendizados novos, diversos”, afirma Kaká Werá, autor de Menino-Trovão, livro de catálogo da Moderna que conta a história de um menino da etnia tupi que teria sido o primeiro habitante da terra. A obra recebeu o prêmio “Selo Cátedra 10 Unesco”, na edição de 2022. O prêmio será entregue em 18 de abril na PUC do Rio.
“Na cultura indígena, a oralidade tem uma força muito grande e nós temos conquistado novos espaços, buscando dominar a literatura, a palavra escrita, para compartilhar nossos saberes, nossa cultura com cada vez mais leitores”, acrescenta Daniel Munduruku, autor paraense e indígena da etnia Munduruku.
Doutor em educação pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutor em linguística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Daniel Munduruku é hoje uma das mais importantes vozes da literatura indígena brasileira e acumula dois prêmios Jabuti, além de outros tantos prêmios no Brasil e no exterior. Possui mais de 50 livros publicados, dois deles pela editora Moderna (Antologia de contos indígenas de ensinamento – Tempo de histórias e Crônicas indígenas para rir e refletir na escola), além de Estações, com ilustrações de Marilda Castanha, também previsto para sair este ano.
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