NOTÍCIA
Escolas destacam a importância de acolher alunos e famílias e contam como se organizaram para receber com segurança seus alunos. Pentágono, por exemplo, prioriza aulas presenciais às crianças
Publicado em 04/02/2021
Respeitando as diretrizes anunciadas no final de janeiro pelo governo estadual, em São Paulo o retorno presencial nas escolas ocorre de forma gradual e com rodízios. Para Leticia Lyle, diretora da Camino School, escola referência da Camino Education, localizada na zona oeste de São Paulo, os planos de retomada do ensino presencial precisam considerar as premissas não só dos protocolos de segurança com relação à covid-19, mas também a forma como a comunidade escolar será acolhida no início das aulas.
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“Existem as restrições de espaço que fazem parte dos protocolos e dos cuidados com relação à pandemia e que devem ser pensados pelas escolas, mas o início do ano letivo vai ser marcado por muita escuta, para acolher e entender como os estudantes, famílias e professores estão voltando para a escola. Há o medo, a ansiedade, as dificuldades pelas perdas de entes e até dificuldades socioeconômicas, tudo isso afetou a aprendizagem. Por isso, as primeiras atividades devem ter o grande objetivo de acolher, escutar e fazer um panorama para podermos construir as experiências de aprendizagem mais adequadas. Todos precisamos passar por esse espaço de identificar e reconhecer para desenhar planos individuais de desenvolvimento”, afirma a diretora.
Na Camino School, em que as aulas serão iniciadas em 8 de fevereiro, foram disponibilizados modelos de ensino híbrido pensando na necessidade de cada turma, com base em sua faixa etária e na importância de seu convívio social dentro do ambiente escolar.
“Existe a necessidade de os estudantes estarem na escola para o convívio social, aprendizagem, para a saúde mental, mesmo que em períodos reduzidos, conforme recomendam os protocolos. A conversa sobre a retomada das atividades presenciais foi embasada não só pelo suporte dos pais e estudantes que ficaram um ano sem ir à escola, mas principalmente pelas experiências científicas de outros países. Sempre há algum tipo de risco, mas tomadas as devidas precauções e fazendo esse acompanhamento de perto, as escolas em funcionamento não são consideradas lugares inseguros”, defende.
O Colégio Pentágono, também em SP, já iniciou seu ano letivo e optou por priorizar os mais novos no rodízio. No caso, 100% dos alunos da educação infantil e 1º e 2º anos do ensino fundamental já retornaram todos os dias da semana. DO 3º ano do fundamental ao ensino médio, o retorno é parcial e facultativo, com 35% do total de alunos e esquema de bolhas.
“Fizemos uma força-tarefa para preparar a escola para a retomada da educação infantil. É o grupo que mais necessita do ensino presencial para seu desenvolvimento e, consequentemente, melhor aprendizagem”, diz Thais Zanetti, coordenadora da educação infantil e 1º ano do fundamental da unidade Perdizes. “Além dessa necessidade de integração, também é um momento oportuno para o retorno integral, já que muitos pais estão retornando ao trabalho presencial e as crianças mais novas demandam mais atenção de adultos para cumprirem as atividades diárias.”
Assim como na Camino, o Pentágono também se preocupa não apenas com a higienização, mas com o emocional.
“Em 2020, o retorno em outubro focou na segurança e saúde dos alunos e isso já está dentro dos procedimentos da escola. Nesse novo ano, o retorno às aulas será focado no acolhimento socioemocional dos alunos, em resgatar o vínculo com a escola e com os professores”, diz Patrícia Nogueira, diretora pedagógica da rede do Colégio Pentágono.
“Nosso planejamento pedagógico será seguido de acordo com o necessário para cada ano, mas também será permeado com diálogo constante com os estudantes, saber como foram os estudos durante o isolamento, se o aprendizado foi efetivo”, complementa.
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Ano passado o Colégio Pentágono firmou uma parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein para o desenvolvimento de protocolos eficientes nas dependências da escola, com materiais informativos espalhados pelas áreas comuns. Além da aferição de temperatura na entrada, alunos e colaboradores devem estar de máscara e devem responder a um questionário dizendo se estão com sintomas, se estiveram com alguém com suspeita ou com sintomas antes de entrar na escola. Totens e dispensers com álcool em gel foram posicionados em diversos pontos da escola, assim como sinalização de distanciamento de 1,5m entre as pessoas.
Em resumo, houve mudanças nas áreas comuns intercalando as cabines de banheiros, a quadra esportiva recebeu adesivos no chão para auxiliar os alunos no distanciamento durante as atividades esportivas e os bancos das áreas comuns também receberam avisos de distanciamento. Durante a disciplina de educação física, além do uso obrigatório da máscara, foram suspensas quaisquer interações em dupla ou grupo. Jogos com o uso de bola como futebol, vôlei e basquete foram substituídos por esportes individuais.
Aliás, a contratação de uma equipe de profissionais de enfermagem foi fundamental para dar respaldo ao corpo docente do Pentágono e aos alunos e também para fiscalizar o cumprimento de todas as normas de saúde estabelecidas.
“O ensino a distância continuará para aqueles alunos que têm comorbidades ou para aqueles que os pais optaram por não retomar as aulas presenciais no momento. A nossa atenção será sempre para a formação integral e completa dos estudantes, independentemente se for presencial ou remota”, acrescenta Patrícia Nogueira.
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